Óleo de Picasso
As palavras perderam-se na imensidão da ausência
que nos impôs a vida.
A tua dor sem remédio e calada no teu peito.
A tua dor sem lágrimas, funda e transparente.
Igual ao teu rosto inconformado e grave.
Amiga, já não corremos felizes pelos campos...
O Piruças, cão da vizinhança, envenenado há cerca de 2 semanas
(foto de MTeresaVivências)
.....
É uma casinha simples, numa aldeia simples, de pessoas simples. Os vizinhos afáveis e prestáveis já não olham com desconfiança as gentes da cidade que procuram a paz e o silêncio nas suas pequenas estadias de fim de semana. Já se habituaram ao rebuliço a entrar-hes pela "porta adentro" a quebrar a rotina dos dias sempre iguais e, até gostam porque "dá vida" ao sítio, dizem eles.
Tem um pequeno átrio, onde o sol nos consola e aquece. Um pequeno terreno transformado em jardim onde tudo esquecemos quando enterramos as mãos na terra.
Aquela casa tem alegria, amizade, brincadeiras e visitas-surpresa dos amigos que por vezes se lembram de passar por lá. Os filhos, às vezes, também aparecem, mas esses só quando há churrasco, porque aquilo é uma "pasmaceira", como diz a minha mãe, que gosta mais da cidade que do campo.
Também tem mar, com ondas alterosas que se ouvem ao longe, em dias de Inverno.
É um refúgio que partilho com a minha amiga Clara (Margarida). Hoje fomos lá, ao fim de quase um mês de ausência. O jardim está cheio de "hortaliça", como chamamos às ervas daninhas e aos trevos que têm crescido em completa liberdade.
- Vamos ter que as arrancar, diz a Clara com ar pesaroso.
- Lá teremos que fazer um churrasco para aliciar o pessoal, digo eu, rindo.
Há apenas uma coisa que nos espanta no meio de tanto sossego e cordialidade:
- Naquela aldeia costumam envenenar os cães que andam à solta, mesmo que tenham dono.
Hoje soubemos de mais um caso. E ficámos chocadas.
Foi a vez do Piruças que eu fotografei algumas vezes e que estava sempre junto à entrada da nossa casa e grande companheiro de brincadeiras do Jack, o cão da Clara.
Este post foi escrito a pensar nele e também na crueldade das pessoas, que por vezes se esconde em sorrisos afáveis.
Vamos sentir falta do seu olhar meigo.
|
Pintura de António Peticov
Era uma noite igual a tantas outras.
Entrou na sala onde apenas se via a luz do pequeno candeeiro sobre a escrivaninha. O resto da casa estava às escuras com a excepção do hall de entrada que ela tinha por hábito deixar iluminado, para lhe dar a sensação de que morava ali mais gente.
Acendeu uma vela aromática para disfarçar o cheiro do tabaco e começou a escrever na tentativa de aliviar a melancolia que se começava a apoderar dela. No silêncio esmagador da sua solidão, apenas se ouvia o som das teclas do computador sob os seus dedos.
Não esperava visitas e certamente ninguém lhe iria bater à porta. Estava sozinha como na maioria das noites da semana, mas naquele momento tudo lhe era pesado.
Aquela, era uma daquelas noites em que precisava de ouvir dizer: Amo-te.
Fechou os olhos e imaginou-se a subir uma escada que a levasse para um mundo encantado onde os silêncios fossem leves, as palavras verdadeiras e as pessoas permanecessem para todo o sempre.
Um mundo onde a palavra "partida" não fosse conhecida.
MT-Teresa
(18/10/07)
Na despedida uma rosa vermelha, cor do teu Benfica e o meu obrigada pelo teu amor e dedicação ao teu neto, meu filho, que te adorava.
Pintura de Brad Holland
.
“Todas as tristezas podem ser suportáveis se se contar uma história sobre elas.”
Karen Blixen
.
.
Esta noite fui abrir o perfume inebriante onde a minha alma se perdeu, fechei os olhos à saudade imensa que aprisiona os meus desejos e mergulhei a memória nas tardes e noites em que, enamorados, os nossos corpos cantaram hinos de alegria, êxtases e suspiros, em perfeita harmonia de sentires.
.
Agora, apesar de passear solitáriamente pelos jardins encantados do nosso amor, lanço o meu olhar azul, um pouco esbatido pela cor da tua ausência, aos horizontes prometidos de pássaros azuis e águias douradas que sei nos serão devolvidos quando chegar o tempo do reencontro.
.
Sei que ouves a minha voz onde quer que te tenham aprisionado e quero que saibas que ressoam na minha casa os teus passos e os teus risos feitos das flores que descobriste no meu corpo.
.
A minha alma nasceu a partir da tua
e o mar que me inunda tem origem nas águas do teu rio.
Hoje, o que eu escrevo com cor de sangue,
sou eu a desfazer-me em lágrimas.
.
Teresa (MT)
01/08/07
.
"Aqui e Ali" Óleo de Nela Vicente
.
Óleo de Pablo Picasso
.
A Poesia
tem as estrelas da manhã
alinhadas em circulo
como um farol de aviso
aos navegantes
incautos e perdidos
que me habitam
.
Se eu pudesse
mascarava-me de lua nova
(que se esconde nas tramas
nebulosas
do meu sentir)
e escarnecia das sombras
fantásticas
que me desafiam
com versos
.
Teresa (MT)
.
.
"Pássaro Azul " de Isabel Nadal
.
.
Pintura de Balthus
"Therese"
.
.
.
.
Há algum tempo que quero falar contigo, mas não tenho conseguido fazê-lo "olhos nos olhos".
.
É estranho isto estar a acontecer entre nós. Pergunto a mim própria a razão do nosso afastamento físico e do fim das nossas conversas quase diárias, em que contávamos tudo uma à outra e partilhávamos os nossos mais íntimos pensamentos, alegrias e dores.
Depois da morte do teu filho, já faz 5 anos, a vida para ti perdeu totalmente o sentido. Estive sempre a teu lado, sofri contigo a tua imensa dor e lembro-me de me dizeres, que apenas comigo conseguias falar dele sem constrangimentos. Nunca te vi chorar mas sei que todos os dias te são pesados, e que no teu dia-a-dia vives como se fosses um autómato. Sei que o teu sofrimento é diário e que a maior parte das coisas que consideravas importante, perdeu valor, quando foste confrontada pela enorme perda que sofreste.
Sei que não tens paz, nem descanso.
Sofres muito.
Há muito tempo que não te vejo e estás tão perto de mim. Tenho saudades tuas mas algo me impede ainda de ir ao teu encontro, algo que eu não sei definir e que talvez tenha a ver com o abismo em que eu entrei, naquela altura e de onde saí a custo, mas sem ti. Quero que saibas, no entanto que continuas no meu coração e que a minha amizade por ti é a mesma de sempre. Talvez um dia destes seja possível sairmos as duas sem destino, tu a conduzires, enquanto falamos das nossas coisas como tantas vezes fizemos
Recordo sempre o que me escreveste quando tínhamos 12 anos, inspirada no "Principezinho".
" Tenho uma amiga. Essa amiga tem cabelos da cor do ouro e olhos da cor do céu. A partir deste momento, quando olhar um campo cheio de trigo e o céu estiver azul, pensarei sempre nela."
Continuo aqui. Sempre!
Ainda tenho o cabelo da cor do trigo.
Ainda tenho os olhos da cor do céu e continuo a ser a tua Amiga com A grande.
.
Blogs
Eléctricos de Lisboa e não só...
Memórias de um Músico de Baile
Prosa Poética de Maria Luisa Adães
Apagados mas guardados na memória
O meu Blog de Fotografia
Os meus outros caminhos
Desporto
Generalistas
Outros
"Sítios" imperdíveis
25 de abril(5)
abril(9)
adeus(9)
alegria(5)
amigos(30)
amizade(14)
amor(137)
aniversário(9)
ano novo(3)
arte(7)
ausência(17)
azuis(9)
beleza(7)
blog(41)
blogue(5)
café(3)
cinema(4)
cinza(3)
citação(29)
consciência(3)
cores(3)
dança(16)
descoberta(3)
desejos(7)
desencontro(4)
dia do livro(3)
dor(4)
encontro(4)
enganos(5)
escolhas(4)
escrita(3)
espectaculo(3)
eu(12)
fado(4)
férias(5)
filho(15)
fim(4)
flores(17)
fotografia(13)
fotos(11)
fotos minhas(4)
ilusão(3)
inquietação(3)
lágrimas(3)
liberdade(13)
lisboa(10)
livros(8)
lua(6)
luz(4)
mãe(7)
manhãs(4)
mar(19)
margarida(4)
máscaras(5)
memória(18)
miguel torga(7)
morte(6)
mulher(9)
música(19)
natal(8)
noite(19)
olhos(4)
pai(4)
paixão(16)
páscoa(4)
paz(9)
pintura(13)
poema(117)
poesia(85)
portugal(5)
primavera(6)
rugby(6)
saudade(24)
silêncio(15)
sol(5)
solidão(19)
sonho(9)
sonhos(4)
sophia m breyner(18)
tango(5)
tempo(14)
trabalho(5)
triste(4)
tristeza(15)
tu(4)
veneza(4)
vida(225)
video(17)
zeca afonso(4)