(1920 - 6/Out/1999)
(ler o texto completo aqui)
......
Não é novidade o meu gosto pelo fado e pela Amália Rodrigues e, hoje, dei-me conta de que faz nove anos que ela nos deixou fisicamente.
A sua voz e a sua imagem permanecem.
Esta noite, no Vivências, ouve-se o fado na voz da Amália; queiram fazer silêncio, por favor.
Dei-me conta deste número redondo, hoje, ao olhar para o contador aqui ao lado.
É certo que o Vivências começou por ser um espaço solitário que eu decidira criar para preencher alguns vazios e desencantos e que com o correr do tempo acabou por se tornar o meu "canto" diário de lazer e desabafo.
Coloquei nele as coisas que mais gosto: música; pintura; poesia; fotografia; dança; cinema; livros; e, acreditem, deu-me um prazer imenso.
Muito do que eu sou está aqui.
E muitos destes visitantes, a maioria anónimos, penso que o entenderam, mesmo sem conhecerem o meu rosto e apenas sabendo que me chamo Teresa ( MT, como o meu filho carinhosamente me chama).
Foram importantes para mim, as "palavras" que me foram deixando os amigos e muitos desconhecidos; e o incentivo e apreço de outros, que pela sua presença amiga, passaram a ser "conhecidos" (na alma e no sentir)
Tenho saudades de algumas presenças que deixaram de "ser". Lembrar-me-ei sempre desses.
Há ciclos que não se repetem. Eu própria estou diferente e tenho sentido nos últimos tempos que já não faz tanto sentido continuar neste registo.
Confesso, ando a adiar a decisão. Afinal este é um "filho" muito querido que eu criei e custa-me deixá-lo entregue a si próprio.
Mas um dia destes terei que ganhar coragem e fechar este ciclo que começou em Setembro de 2006.
Este post não é ainda o fim.
É um agradecimento e ao mesmo tempo uma explicação a todos quantos eu me habituei a sentir aqui e que eu estimo.
Com amizade
Teresa (MT)
Imagem, O Principezinho ( Saint-Exupéry)
Para ti, meu pai, minha saudade, que conservaste até ao fim, a pureza de uma criança.
Sombra ( Fado Nocturno)
Se a noite escura demora
Cativa dentro do meu peito
pressinto quando me deito
a voz de alguém, que hoje não vem
e mora em mim a toda hora
Falando grave e escondido
Por entre as coisas reais
suspende a força da vida
e não é ninguém, ah e não é ninguém
somente sombra e nada mais
Porém a voz que se ouvia
morre com a noite no cais
e o sol agora me alumia
(Letra de Rui Machado, Música de António Chainho, Voz de Teresa Salgueiro)
....
Aqui também se ouve fado!...
Aqui se recordam amigos, mesmo que sejam sombras fugidias...
Boa noite
Fotografia de Jonas Valtersson
Pássaro azul nas mãos do tempo
Musa florida na Primavera dos sentidos
Olhos d'água a escorrer desejos Amores
Passados E logo outros a sorrir palavras
em jardins encantados e secretos
Penas feitas de silêncios A gritar destinos
E a tecer o tempo
Tempo Um ano Uma vida
Um caminho
Às vezes, faltam-me as palavras para escrever o que sinto
Outras vezes, não sinto, e mesmo assim escrevo palavras de outros
Também me acontece escrever palavras sopradas por ventos de longe
Que misturo com as minhas, quando a inspiração me assalta
Neste Natal as palavras escapam-me e saltam da folha branca
Como se não tivessem lugar no que eu sinto e não digo
Este Natal não sabe a Natal.
Talvez por isso não escrevo, apenas sinto.
....
Agradeço os votos de Boas Festas que me deixaram.
(em tempo, responderei a todos individualmente)
(fotografia de Carla Maio-1000Imagens)
Esta noite sonhei passos no vazio da casa.
Os risos que eu ouvi, abriram janelas a pássaros sem asas
presos ao meu leito.
O silêncio tem a tua voz.
Mas eu guardo ainda o rumor das tuas águas
a bater-me no peito.
Só te sinto à noite, quando a lua se descobre.
De manhã acordo, e sonho que te beijo.
MT-Teresa
(Imagem de autor desconhecido)
(Imagem do Google)
Quando te perdi...
O travo amargo da tua partida
Desfez o mel da minha boca
Em flores feitas de sal
O delicado traço que ficou
Da tua escrita azul
Trespassou o meu corpo
(Que era divino nos teus braços)
E sorveu-me a vida
Enchendo-me de cansaços
Ah! Meu amor...ingrato!
Que farás tu da saudade
Quando ela te inquietar
E a minha ausência gritar
Que morri antes de ti?
MT-Teresa
Imagem retirada do Google
|
Pintura de António Peticov
Era uma noite igual a tantas outras.
Entrou na sala onde apenas se via a luz do pequeno candeeiro sobre a escrivaninha. O resto da casa estava às escuras com a excepção do hall de entrada que ela tinha por hábito deixar iluminado, para lhe dar a sensação de que morava ali mais gente.
Acendeu uma vela aromática para disfarçar o cheiro do tabaco e começou a escrever na tentativa de aliviar a melancolia que se começava a apoderar dela. No silêncio esmagador da sua solidão, apenas se ouvia o som das teclas do computador sob os seus dedos.
Não esperava visitas e certamente ninguém lhe iria bater à porta. Estava sozinha como na maioria das noites da semana, mas naquele momento tudo lhe era pesado.
Aquela, era uma daquelas noites em que precisava de ouvir dizer: Amo-te.
Fechou os olhos e imaginou-se a subir uma escada que a levasse para um mundo encantado onde os silêncios fossem leves, as palavras verdadeiras e as pessoas permanecessem para todo o sempre.
Um mundo onde a palavra "partida" não fosse conhecida.
MT-Teresa
(18/10/07)
Fotografia de Aaron Falkenberg
"Despreza as estradas largas, segue os carreiros"
(Pitágoras)
....
Já tinha saudades de vos oferecer o café da manhã.
Bom dia!
" L'Oublies des Passions" Pintura de Jean Delville
As tuas mãos nas minhas
quentes e macias
seiva galopando
na minha pele branca
corrente sanguínea
passando em linha recta
aos olhos...
Ah...! Os teus olhos
rios calmos, doces
e esplendorosos de luz
divina
esses olhos que
me tomaram inteira
como se o meu corpo
estivesse neles
rubro, vibrante
faminto das carícias
que eu não tinha
E...o teu cheiro
indefinível que fica
para me roubar
a alma inteira
percorre o meu
pescoço, a boca
a face, a orelha
como fizeste
com os beijos
que me deste
Do teu rosto ausente
ainda sinto o toque
quente
e eu, pensando em ti
rogo aos deuses
mais um dia
para não morrer
hoje, desta agonia.
MT-Teresa
Agosto 07
.
Esta noite fui abrir o perfume inebriante onde a minha alma se perdeu, fechei os olhos à saudade imensa que aprisiona os meus desejos e mergulhei a memória nas tardes e noites em que, enamorados, os nossos corpos cantaram hinos de alegria, êxtases e suspiros, em perfeita harmonia de sentires.
.
Agora, apesar de passear solitáriamente pelos jardins encantados do nosso amor, lanço o meu olhar azul, um pouco esbatido pela cor da tua ausência, aos horizontes prometidos de pássaros azuis e águias douradas que sei nos serão devolvidos quando chegar o tempo do reencontro.
.
Sei que ouves a minha voz onde quer que te tenham aprisionado e quero que saibas que ressoam na minha casa os teus passos e os teus risos feitos das flores que descobriste no meu corpo.
.
A minha alma nasceu a partir da tua
e o mar que me inunda tem origem nas águas do teu rio.
Hoje, o que eu escrevo com cor de sangue,
sou eu a desfazer-me em lágrimas.
.
Teresa (MT)
01/08/07
.
.
Quando me dás
os teus versos
invade-me a urgência
do teu toque
e a sede dos teus beijos
Quando uma brisa
me afaga o rosto
lembro-me das carícias
que me guiam
pelos vales
virgens dos sentidos
Quando a luz do luar
me banha
na minha nudez
sonho com o teu corpo
a misturar-se no meu
como uma hera
divina
a entrelaçar os astros
Quando as ondas do mar
me fustigam
alterosas
refugio-me na memória
do teu sorriso aberto
como se fosse
uma âncora
para me salvar
E quando...
sinto a solidão
invadir o espaço
branco
da tua ausência
fico muda e parada
e apenas escrevo
e decoro
os versos gastos
repetidos
como se fossem
cantos perdidos
mascarados de esperança
.
Teresa (MT)
.
.
Foto de J.G.
.
.
.
Há algum tempo que quero falar contigo, mas não tenho conseguido fazê-lo "olhos nos olhos".
.
É estranho isto estar a acontecer entre nós. Pergunto a mim própria a razão do nosso afastamento físico e do fim das nossas conversas quase diárias, em que contávamos tudo uma à outra e partilhávamos os nossos mais íntimos pensamentos, alegrias e dores.
Depois da morte do teu filho, já faz 5 anos, a vida para ti perdeu totalmente o sentido. Estive sempre a teu lado, sofri contigo a tua imensa dor e lembro-me de me dizeres, que apenas comigo conseguias falar dele sem constrangimentos. Nunca te vi chorar mas sei que todos os dias te são pesados, e que no teu dia-a-dia vives como se fosses um autómato. Sei que o teu sofrimento é diário e que a maior parte das coisas que consideravas importante, perdeu valor, quando foste confrontada pela enorme perda que sofreste.
Sei que não tens paz, nem descanso.
Sofres muito.
Há muito tempo que não te vejo e estás tão perto de mim. Tenho saudades tuas mas algo me impede ainda de ir ao teu encontro, algo que eu não sei definir e que talvez tenha a ver com o abismo em que eu entrei, naquela altura e de onde saí a custo, mas sem ti. Quero que saibas, no entanto que continuas no meu coração e que a minha amizade por ti é a mesma de sempre. Talvez um dia destes seja possível sairmos as duas sem destino, tu a conduzires, enquanto falamos das nossas coisas como tantas vezes fizemos
Recordo sempre o que me escreveste quando tínhamos 12 anos, inspirada no "Principezinho".
" Tenho uma amiga. Essa amiga tem cabelos da cor do ouro e olhos da cor do céu. A partir deste momento, quando olhar um campo cheio de trigo e o céu estiver azul, pensarei sempre nela."
Continuo aqui. Sempre!
Ainda tenho o cabelo da cor do trigo.
Ainda tenho os olhos da cor do céu e continuo a ser a tua Amiga com A grande.
.
.
Conheci-a quando tinha 17 anos e dessa época as lembranças são muito vagas.
.
Fez parte da minha vida durante muitos anos. Não era do meu sangue, mas o meu filho tem o sangue dela e também "herdou" muito do que ela tinha de bom.
Foi sempre uma mulher de força, pequenina na estatura, grande no amor que às mãos largas dava a todos. Foi um exemplo para quem a conheceu e amou. Era uma pessoa "aglutinadora", ou seja, tudo girava à sua volta, serenamente, todos nos "encontrávamos" quando estavamos com ela, na sua pequena casa, onde por milagre sempre cabia mais um que chegasse sem avisar.
Tinha sempre um sorriso, raramente se queixava, até quando estava doente. Era detentora de um espirito de sacrificio, como eu nunca vi em mais ninguém. Os outros estavam sempre em 1ª lugar.
Quando partiu, deixou um grande vazio, nunca preenchido até hoje. A sua força aglutinadora desapareceu lentamente. Os que ficaram não conseguiram ocupar o lugar que ela tão bem desempenhou.
.
Ajudou-me muito, a mim e ao meu filho, em horas dificeis.
Não era do meu sangue mas era a avó do meu filho.
.
Chamava-se Nazaré e se fosse viva, estariamos hoje a celebrar o seu aniversário, apesar dos divórcios e 2ºs casamentos que ocorreram na familia.
.
Tenho saudades dela.
.
(associando-me neste dia triste a um dos seus filhos que também escreve por aqui e no seu Agregando. Envio-lhe o meu abraço fraterno)
.
As minhas noites solitárias, chamam-se manhãs e têm o teu rosto.
Imagino-te com um semblante sereno mas triste.
Adivinho que estás em paz, aí nesse lugar distante onde eu não tenho entrada, mas quero ter a ilusão de que ainda existem fragmentos de mim na tua memória.
Quero pensar que a tua tristeza se deve à minha ausência e às saudades que ainda tens de mim. Que percorres esse mar imenso com o olhar e que é em mim que pensas.
São tantas as palavras guardadas que eu tenho para te dizer.
São tantos os lugares que ainda tenho para te mostrar.
É um oceano inteiro de sorrisos e ternura que ainda tenho para te dar.
Os sonhos que eu sonhei, não os queres abraçar?
Quantas manhãs eu verei o Sol sem a tua presença?
Sabes que eu existo, mas será que ainda existo para ti?
Quanto tempo eu vou esperar por ti até outro alguém chegar?
Não demores que o meu tempo está-se a acabar.
.
Teresa E. ( Julho06)
.
"Country Lane with two figures" de Van Gogh
Blogs
Eléctricos de Lisboa e não só...
Memórias de um Músico de Baile
Prosa Poética de Maria Luisa Adães
Apagados mas guardados na memória
O meu Blog de Fotografia
Os meus outros caminhos
Desporto
Generalistas
Outros
"Sítios" imperdíveis
25 de abril(5)
abril(9)
adeus(9)
alegria(5)
amigos(30)
amizade(14)
amor(137)
aniversário(9)
ano novo(3)
arte(7)
ausência(17)
azuis(9)
beleza(7)
blog(41)
blogue(5)
café(3)
cinema(4)
cinza(3)
citação(29)
consciência(3)
cores(3)
dança(16)
descoberta(3)
desejos(7)
desencontro(4)
dia do livro(3)
dor(4)
encontro(4)
enganos(5)
escolhas(4)
escrita(3)
espectaculo(3)
eu(12)
fado(4)
férias(5)
filho(15)
fim(4)
flores(17)
fotografia(13)
fotos(11)
fotos minhas(4)
ilusão(3)
inquietação(3)
lágrimas(3)
liberdade(13)
lisboa(10)
livros(8)
lua(6)
luz(4)
mãe(7)
manhãs(4)
mar(19)
margarida(4)
máscaras(5)
memória(18)
miguel torga(7)
morte(6)
mulher(9)
música(19)
natal(8)
noite(19)
olhos(4)
pai(4)
paixão(16)
páscoa(4)
paz(9)
pintura(13)
poema(117)
poesia(85)
portugal(5)
primavera(6)
rugby(6)
saudade(24)
silêncio(15)
sol(5)
solidão(19)
sonho(9)
sonhos(4)
sophia m breyner(18)
tango(5)
tempo(14)
trabalho(5)
triste(4)
tristeza(15)
tu(4)
veneza(4)
vida(225)
video(17)
zeca afonso(4)