Pintura de Degas
Já me vesti de preto e dancei um tango atrevido
Set2006 (excerto)
Foto: Jean Sebastien Monzani
.......
Porque hoje é o dia do livro ...
Nas tuas mãos
Fui livro inteiro
Árvore frondosa, amada
Fruto doce e perfumado
Lágrima silenciosa
Em cada página de paixão
Fui escrita dolorosa
Desenganada e saudosa
Rosa desfolhada, no jardim da inquietação
Sou, ainda, livro inteiro
Intimista e verdadeiro
Nas asas da imaginação
E porque vou estar de férias
(a realização de um sonho antigo, revisitar uma cidade única e mágica, Veneza)
Deixo-vos antecipadamente
A Flor Rubra da Liberdade
Para que nunca seja esquecida, neste tempo de fracas memórias
e de promessas incumpridas
25 de Abril Sempre!
Paula Rego
... deixa-me voar uma vez mais sobre
esta terra de ninguém onde morro
por qualquer coisa que me fale de ti ...
Alice Vieira, Dois Corpos Tombando na Água (excerto)
(foto minha)
(As flores de Papel, 2007)
No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
......
85 anos, Mãe!
Agora, que nos olhamos sem sombras a toldar o nosso amor.
Que a dor se fundiu com a compreensão e deu lugar à paz.
Agora, Mãe...! Posso dizer que caminhamos de mãos dadas num caminho único.
" Eu vou com as aves " e de vez em quando levo-te comigo.
Parabéns, Mãe.
O Livro das Fadas de Betty Bib fez-me voltar, por um instante, à minha infância.
......
Também me fez recordar Florbela Espanca e o seu "Conto de Fadas"
Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras de uma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...
Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O Sol que é de oiro, a onda que palpita.
Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
- Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa do conto: « Era uma vez...»
......
Quem nunca sonhou que era a "Princesa do conto" ou o " Prince Charmant " ?
" Só a fantasia permanece sempre jovem; o que nunca aconteceu nunca envelhece "
Schiller, Friedrich
Primavera, de Boticcelli
Que Primavera é esta que me encanta
Docemente me atordoa e me confunde
Tão serena e branda no fluir
Quente e abrasadora no sentir?
Que cheiros são estes que despertam
a lembrança, profundamente adormecida?
Quem sou eu...afinal, que renasço a cada Primavera?
Rodin
Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.
Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...
Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...
Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.
António Botto
( 50 anos da sua morte)
Salvador Dali
(foto minha)
Mal fora iniciada a secreta viagem,
um deus me segredou que eu não iria só.
Por isso a cada vulto os sentidos reagem,
supondo ser a luz que o deus me segredou.
David Mourão Ferreira
(foto minha)
Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!
Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'
Recomeça
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
Sempre a sonhar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga
......................
Com o ano a terminar desejo a todos um Bom Ano 2009 e, como não podia deixar de ser, deixo-vos como último post de 2008, a Poesia.
Nela Vicente
É um sol de Inverno
Intenso. Este que rompe as manhãs
Enevoadas e pesadas
Da memória que me resta.
Ao longe, ouvem-se os pássaros
[outrora azuis e encantados]
a chamar a Primavera
que ainda tarda
mas prestes a despontar em mim.
Apresso-me nos caminhos
que não quero perder de vista
e as flores silvestres,
a nascer sob os meus passos,
emprestam ao tempo o doce aroma da ilusão.
Ecoam, já, as harpas encantadas
arautos de um mundo perfeito
onde só entram sonhadores de olhos vagos e poetas.
Poeta não sou. Se o fosse teria páginas publicadas
e livros editados.
Ah! Se eu fosse poeta, não teria estes olhos de mar manso e azulado
às vezes, tão enganados.
Tenho, porém, passagem certa para esse mundo.
Porque dos meus sonhos não abro mão mesmo que esteja, agora, apaziguada.
Foto de Jonh Kimberley
Ó Poesia sonhei que fosses tudo
E eis-me na orla vã abandonada
Uma por uma as ondas sem defeito
Quebram o seu colo azul de espuma
E é como se um poema fosse nada
Sophia de Mello Breyner
........
E o meu sonho de poeta ( ? )
Interrompeu-se ...
E os versos que faço
Estão em mim , colados nos meus olhos
O que vejo, toco e sinto
já não escrevo.
Voltarei? Talvez um dia ....
(desconheço o autor da imagem)
Marc Chagall
De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Soneto da Fidelidade, Vinicius de Moraes
Maggie Taylor
É outono, desprende-te de mim.
Solta-me os cabelos, potros indomáveis
sem nenhuma melancolia,
sem encontros marcados,
sem cartas a responder.
Deixa-me o braço direito,
o mais ardente dos meus braços,
o mais azul,
o mais feito para voar.
Devolve-me o rosto de um verão
Sem a febre de tantos lábios,
Sem nenhum rumor de lágrimas
Nas pálpebras acesas
Deixa-me só, vegetal e só,
correndo como rio de folhas
para a noite onde a mais bela aventura
se escreve exactamente sem nenhuma letra.
Eugénio de Andrade
Devagar no jardim a noite poisa
E o bailado
dos seus passos
Liberta a minha alma dos seus laços,
Como se de novo
fosse criada cada coisa.
Sophia de Mello Breyner
Escultura em papel de Sue Blackwell
... e de novo entre nós aquele choro de quem
não teve tempo de preparar a despedida
com as palavras certas
porque as palavras certas estavam todas
em histórias erradas
que outros escreveram em lugares nublados
que nem vale a pena tentar recompor
muito ao longe uma voz desgarrada
estabelece o fim do verão
e eu adormecida para sempre
no teu peito ...
Alice Vieira (excerto)
......
Desce a neblina sobre os dias ...
e o Outono
cobre-me de reflexos avermelhados.
Escondo-me ... assim ... dos cinzas
que me espreitam
do passado.
Foto de MTeresaVivências
...............
O Vivências fez dois anos de existência no passado dia 14.
Nas suas páginas escreveram-se; o amor; a paixão; a dor; a solidão; a amizade; a alegria; a música; a pintura; a fotografia e, essencialmente, a poesia.
Dois anos é já algum tempo e apercebo-me que a minha vontade de escrever já não é igual ao que era quando iniciei o Vivências. Confesso públicamente que, como um amigo me disse recentemente, a escrita é fácil para mim quando estou triste. Por um lado, ainda bem que aquela tristeza toda me abandonou e que agora o meu percurso se faz por caminhos menos cinzentos e mais leves de percorrer. Se isso poderá significar um maior afastamento da escrita não quer dizer que o meu gosto pela poesia tenha acabado.
O que pretendo dizer é que o Vivências continuará a ser um canto dedicado à Poesia, mesmo que seja fundamentalmente feita por outros.
Por fim, o meu agradecimento vai para todos aqueles que me visitaram e acompanharam ao longo destes dois anos. As minhas desculpas vão para quem me comentou e eu não tive oportunidade de responder ou de visitar.
Como um amigo escrevia, sempre que me visitava, também eu afirmo:
- Estou sempre aqui...!
[ hoje deixo-vos a minha Lua com cara de gente como nós ]
Pintura de Steven Kenny
Foto de MTeresaVivências (Pôr de Sol na praia de S. Julião)
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo
Cecilia Meireles, Serenata (excerto)
Foto de MTeresaVivências
(Um girassol do meu pequeno jardim)
------
As nuvens que me ensombraram
a alma, em estações frias e cinzentas,
levou-as o vento. Um sol radioso
floresce no sorriso tórrido do girassol
que me enfeita o rosto.
Este rosto, sem os traços da solidão
e do cansaço, é como uma janela aberta, por onde a lua espreita
e as estrelas se encontram nas noites cálidas de Verão.
O mar, aparece, triunfante, a dançar nos meus olhos.
A areia, sob os meus pés, deixou de ser um deserto
esmagador e cobre-me de finos grãos. A suavizar-me os passos.
Regresso, com flores nas mãos,
e o corpo perfumado de maresias.
Conchas, com o mar lá dentro, enfeitam-me o cabelo
agora mais doirado pelos raios solares.
O Verão, apagou-me as lágrimas
porque me devolveu a lisura dos dias
e as noites de paixão.
Leonard Cohen, Lisboa (fotos de MTeresaVivências)
....
Uma noite mágica com a lua a beijar o Tejo
.....
E valsei nos teus braços, Leonard...
Como se fosse uma das "Ten Pretty Women in Viena"
Gritei que sim, quando disseste "I am your man"
Emocionei-me, quando, todos juntos
Cantámos " Alleluia"
Estremeci com a verdade de "Ain't no Cure for Love"
Dei-te a mão na "Boogie Street" do teu descontentamento
Por fim, quando disseste " Closing Time"
Atirei-te um beijo e murmurei:
Até sempre, Leonard...
"Everybody Knows..."
Óleo de Steven Kenny
Like a bird on the wire
Like a drunk in a midnight choir
I have tried in my way to be free
Leonard Cohen
" A meio do percurso da minha vida, dei por mim num bosque sombrio "
.....
Logo à noite, tenho um encontro marcado com este Senhor, aqui.
Quando a música e a poesia tomarem conta de mim,
vou soltar os pássaros nostálgicos que pararam nos meus olhos.
Pintura de Steven Kenny , " Constelação"
( ... )
corre um vento
vento de febre - sismo de orquídeas que acalma
quando acendes a luz e abres as asas
vibras e
levantas voo
Febre, Al Berto, in Horto de Incêndio
Fotografia de Waclaw Wantuch
Se eu fosse tela A lva de fino linho
Deixava-me pintar de A zul-cobalto para me confundir com o mar.
De V erde-esmeralda pincelava o contorno do meu corpo
E os meus lábios retocava de C armim
Por fim... rasgava a solidão
que me cerra as pálpebras, com a cor O cre do S ol,
e quando as nuvens de Preto-M arfim me escurecessem os sentidos
esconder-me-ia no quadro COLORIDO que fiz de mim.
Pintura de Oxana Yambykh
...
Sou do mar.
Sou das buganvílias,
das ilhas do amanhecer do mundo.
José Agostinho Baptista, "Deserto", in Quatro Luas
" Reflexos de Céu "
Casas do Cruzeiro, Aldeia do Sabugueiro, Serra da Estrela
(foto de MT-Vivências)
Há sempre um deus fantástico nas casas
Em que eu vivo, e em volta dos meus passos
Eu sinto os grandes anjos cujas asas
Contêm todo o vento dos espaços
Sophia de Mello Breyner, in Dia do Mar
|
Ilustração de Catia Chien
" A solidão da poesia e do sonho tira-nos da nossa desoladora solidão "
Albert Béguin
.......
... e quando a solidão acaba, perdemos a poesia?
Imagem, O Principezinho ( Saint-Exupéry)
Para ti, meu pai, minha saudade, que conservaste até ao fim, a pureza de uma criança.
Pintura de Tamara de Lempicka
Eu ouso a paixão
não a recuso
Escuto os sentidos sem o medo por perto
troco a ternura da rosa
ponho a onda no deserto
A tudo o que é impossível
abro e rasgo o coração
Debaixo coloco a mão
para colher o incerto
Desembuço o amor
no calor da emboscada
infrinjo regras e impeço
Troco o sonho dos deuses
por um pequeno nada
Desobedeço ao preceito
e desarrumo a paixão
Teço e bordo o meu avesso
e desacerto a razão
Maria Teresa Horta
Forever Lost , pintura de Mike Worrall
Contam que as sombras permanecem agora mais tempo sobre
as dunas e que a flor de laranjeira rebentou pelos caminhos,
encantando as viagens; que os morangos crescem, se os dedos
se aproximam, e que já se ouve, ao longe, um rumor de asas
contrário a qualquer vento. Falam de um perfume estranho
que paira pela cidade e das palavras soltas que os rapazes
andaram a escrever pelos muros em segredo. E eu não sei nada
disto que me contam, nem me aquece a luz quente que,
como dizem, afaga de manhã os ombros de quem passa e vai
a outro lugar sentir o mesmo lume. E eu também já não sinto
a primavera: os dedos doem-me nos livros, sento-me de noite
à janela. Olho a lua que já não posso ter. Escondo-me
dos gatos. Dispo-me e vou dormir lá fora com as aves.
Maria do Rosário Pedreira
Casa dos Poetas, de Maggie Taylor
Foto de MTeresaVivências
Debruço-me sobre o mar que me corre nas veias
e toda eu me incendeio...!
[ no sol que ( re) tenho no colo ]
Sossego-me
no desassossego
das marés que me fustigam
o rosto
alvoraçado
ao contemplar a dança
do horizonte em chamas
Refresco-me
na areia
movediça do teu corpo
e essa água
que eu bebo de ti
tem o sal e o fogo
dos meus cansaços
perpétuos e entranhados
Assim me descobres
secretamente
e ao encontrares-me
não sei se me perdes
se me possuis
(e) terna amante
deste mar de sargaços
e desejos
onde me deito
Ah! Mar azul incendiado
tanto sonho submerso nos teus braços.
Pela manhã
Adormecem luas no meu peito.
O meu corpo desperta no teu
e o sol que entra pela janela
inunda a casa, expulsando as sombras
persistentes da ausência
o canto dos pássaros
confunde-se com os passos
que já percorreram os quartos
e que ficaram gravados
na memória da casa
agora são os teus
que se ouvem, apenas os teus
e o cantar dos pássaros...
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