Imagem retirada da Net
"Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons "
Carlos Drummond de Andrade
.....
Este post não é uma provocação, mas sim uma tentativa de vos adoçar a boca, independentemente das idades.
Tenho estado um pouco ausente do Vivências mas garanto-vos que não perdi:
o doce;
o sal;
a alegria;
a vontade de viver e de amar.
Talvez...tenha perdido a vontade de escrever.
(a paz e a felicidade às vezes têm destas coisas)
Sirvam-se à vontade!
Óleo de Picasso
As palavras perderam-se na imensidão da ausência
que nos impôs a vida.
A tua dor sem remédio e calada no teu peito.
A tua dor sem lágrimas, funda e transparente.
Igual ao teu rosto inconformado e grave.
Amiga, já não corremos felizes pelos campos...
E em tempo de máscaras e de rostos encobertos e dissimulados,
saltam da multidão anónima faces amigas e encorajadoras
e mãos suaves que apertam as nossas solidariamente.
As palavras e os gestos que nos chegam são de uma generosidade extrema.
Estranhamente, a ausência faz a sua entrada triunfante
no corpo de mascarados que o não deveriam ser.
No baile de máscaras que é a vida
chega o momento da verdade.
E de repente temos a visão nítida do que nos rodeia.
E do que realmente tem valor.
Neste tempo de máscaras permitidas,
o teu rosto, descoberto e luminoso,
rompe a ardilosa neblina que me mantinha cativa.
Apesar da chuva e do tempo cinzento,
o que eu vislumbro
é um sol radioso e flores silvestres a nasceram nos caminhos.
Óleo de Van Gogh
Procurou-me uma estrela na noite dos meus sentidos
Cadente, como as palavras que já não dizes
Reluzente, como o teu olhar distante
Perdido...
(fotografia de Carla Maio-1000Imagens)
Esta noite sonhei passos no vazio da casa.
Os risos que eu ouvi, abriram janelas a pássaros sem asas
presos ao meu leito.
O silêncio tem a tua voz.
Mas eu guardo ainda o rumor das tuas águas
a bater-me no peito.
Só te sinto à noite, quando a lua se descobre.
De manhã acordo, e sonho que te beijo.
MT-Teresa
Para quem ama, não será a ausência a mais certa, a mais eficaz, a mais intensa, a mais indestrutível, a mais fiel das presenças?
Marcel Proust
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
...
Eu deixarei... Tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás
para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite
e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência
do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Vinícius de Moraes
(Imagem do Google)
Quando te perdi...
O travo amargo da tua partida
Desfez o mel da minha boca
Em flores feitas de sal
O delicado traço que ficou
Da tua escrita azul
Trespassou o meu corpo
(Que era divino nos teus braços)
E sorveu-me a vida
Enchendo-me de cansaços
Ah! Meu amor...ingrato!
Que farás tu da saudade
Quando ela te inquietar
E a minha ausência gritar
Que morri antes de ti?
MT-Teresa
" L'Oublies des Passions" Pintura de Jean Delville
As tuas mãos nas minhas
quentes e macias
seiva galopando
na minha pele branca
corrente sanguínea
passando em linha recta
aos olhos...
Ah...! Os teus olhos
rios calmos, doces
e esplendorosos de luz
divina
esses olhos que
me tomaram inteira
como se o meu corpo
estivesse neles
rubro, vibrante
faminto das carícias
que eu não tinha
E...o teu cheiro
indefinível que fica
para me roubar
a alma inteira
percorre o meu
pescoço, a boca
a face, a orelha
como fizeste
com os beijos
que me deste
Do teu rosto ausente
ainda sinto o toque
quente
e eu, pensando em ti
rogo aos deuses
mais um dia
para não morrer
hoje, desta agonia.
MT-Teresa
Agosto 07
Quadro de Yurgen Gorg
.
Às vezes, as palavras só existem porque os beijos se ausentam.
.
.
Quando me dás
os teus versos
invade-me a urgência
do teu toque
e a sede dos teus beijos
Quando uma brisa
me afaga o rosto
lembro-me das carícias
que me guiam
pelos vales
virgens dos sentidos
Quando a luz do luar
me banha
na minha nudez
sonho com o teu corpo
a misturar-se no meu
como uma hera
divina
a entrelaçar os astros
Quando as ondas do mar
me fustigam
alterosas
refugio-me na memória
do teu sorriso aberto
como se fosse
uma âncora
para me salvar
E quando...
sinto a solidão
invadir o espaço
branco
da tua ausência
fico muda e parada
e apenas escrevo
e decoro
os versos gastos
repetidos
como se fossem
cantos perdidos
mascarados de esperança
.
Teresa (MT)
.
.
Foto: MT (5/05/07- Praia S. Julião)
.
E tudo me sabe à tua ausência
num mar infinito de inquietação...
.
a demora dos olhos
quando fitam os meus
e me imobilizam os sentidos
em danças de fogo,
o sal da tua pele
miragem refrescante
que nos meus lábios
se transforma
em doce fonte,
a tua voz
acordando em mim
mágicas ondas
e murmúrios de maresias
cadenciadas,
o eco dos teus passos
passando nos barcos
de velas desfraldadas
ao sabor dos ventos
do meu sentir
.
na tua ausência
fico sem porto de abrigo
onde possa ficar
.
Teresa E. ( 05/05/07 - Praia de S. Julião)
.
.
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
Sophia de Mello Breyner
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