Maggie Taylor
É outono, desprende-te de mim.
Solta-me os cabelos, potros indomáveis
sem nenhuma melancolia,
sem encontros marcados,
sem cartas a responder.
Deixa-me o braço direito,
o mais ardente dos meus braços,
o mais azul,
o mais feito para voar.
Devolve-me o rosto de um verão
Sem a febre de tantos lábios,
Sem nenhum rumor de lágrimas
Nas pálpebras acesas
Deixa-me só, vegetal e só,
correndo como rio de folhas
para a noite onde a mais bela aventura
se escreve exactamente sem nenhuma letra.
Eugénio de Andrade
Fotografia de Waclaw Wantuch
Se eu fosse tela A lva de fino linho
Deixava-me pintar de A zul-cobalto para me confundir com o mar.
De V erde-esmeralda pincelava o contorno do meu corpo
E os meus lábios retocava de C armim
Por fim... rasgava a solidão
que me cerra as pálpebras, com a cor O cre do S ol,
e quando as nuvens de Preto-M arfim me escurecessem os sentidos
esconder-me-ia no quadro COLORIDO que fiz de mim.
|
Ilustração de Catia Chien
" A solidão da poesia e do sonho tira-nos da nossa desoladora solidão "
Albert Béguin
.......
... e quando a solidão acaba, perdemos a poesia?
Óleo de Salvador Dali
Óleo de Van Gogh
Procurou-me uma estrela na noite dos meus sentidos
Cadente, como as palavras que já não dizes
Reluzente, como o teu olhar distante
Perdido...
(Imagem de autor desconhecido)
|
Pintura de António Peticov
Era uma noite igual a tantas outras.
Entrou na sala onde apenas se via a luz do pequeno candeeiro sobre a escrivaninha. O resto da casa estava às escuras com a excepção do hall de entrada que ela tinha por hábito deixar iluminado, para lhe dar a sensação de que morava ali mais gente.
Acendeu uma vela aromática para disfarçar o cheiro do tabaco e começou a escrever na tentativa de aliviar a melancolia que se começava a apoderar dela. No silêncio esmagador da sua solidão, apenas se ouvia o som das teclas do computador sob os seus dedos.
Não esperava visitas e certamente ninguém lhe iria bater à porta. Estava sozinha como na maioria das noites da semana, mas naquele momento tudo lhe era pesado.
Aquela, era uma daquelas noites em que precisava de ouvir dizer: Amo-te.
Fechou os olhos e imaginou-se a subir uma escada que a levasse para um mundo encantado onde os silêncios fossem leves, as palavras verdadeiras e as pessoas permanecessem para todo o sempre.
Um mundo onde a palavra "partida" não fosse conhecida.
MT-Teresa
(18/10/07)
.
Se alguém perguntar por mim, procurem no mar...
...talvez eu volte quando me encontrar!
.
.
Porque não vens agora, que te quero
E adias esta urgencia?
Prometes-me o futuro e eu desespero
O futuro é o disfarce da impotência....
Hoje, aqui, já, neste momento,
Ou nunca mais.
A sombra do alento é o desalento
O desejo o limite dos mortais.
Miguel Torga
.
.
" Después de todo te amaré
Como si fuera siempre antes "
.
Pablo Neruba
.
Reguem as flores para que não murchem, sequem ou morram!
(Tal como o amor quando é deixado sem cuidados)
.
.
.
Quando me dás
os teus versos
invade-me a urgência
do teu toque
e a sede dos teus beijos
Quando uma brisa
me afaga o rosto
lembro-me das carícias
que me guiam
pelos vales
virgens dos sentidos
Quando a luz do luar
me banha
na minha nudez
sonho com o teu corpo
a misturar-se no meu
como uma hera
divina
a entrelaçar os astros
Quando as ondas do mar
me fustigam
alterosas
refugio-me na memória
do teu sorriso aberto
como se fosse
uma âncora
para me salvar
E quando...
sinto a solidão
invadir o espaço
branco
da tua ausência
fico muda e parada
e apenas escrevo
e decoro
os versos gastos
repetidos
como se fossem
cantos perdidos
mascarados de esperança
.
Teresa (MT)
.
.
.
"Cada um de nós é uma lua e tem um lado escuro
que nunca mostra a ninguém "
"Mark Twain"
....
.
.
.
....
Sinto a tua ausência
como se me rasgassem
em bocados desencontrados
doces e salgados
cacos desbotados
escritos com a pena
da saudade
.
Ah! se eu pudesse...
pintava-me com asas
roubava um coração
p'ra novamente
de paixão morrer
.
.
Chegou do emprego cansada. Era o final de uma semana de trabalho extenuante e pensou para si própria que apesar da fadiga iria ler todos os e-mails que ainda não tinha lido, abrir todas as cartas que se foram amontoando ao longo da semana, ver televisão ou simplesmente não fazer nada e ir dormir cedo.
Por volta das dez horas da noite, já estava a semicerrar os olhos e sentiu vontade de se deitar e de ler um pouco até adormecer. Aquele livro pousado na sua mesa-de-cabeceira há cerca de dois meses já a incomodava. Até era interessante, caso contrário já o teria posto de parte, mas nos últimos tempos só conseguia ler duas ou três páginas por noite.
Ao abrir um e-mail que um amigo lhe enviara, reparou num link de um site de música. Não resistindo ao apelo implícito, abriu o site e começou a ouvir...Com um sorriso pensou que este seu amigo de longa data sempre tivera bom gosto e a conhecia bem.
Deliciada, não mais sentiu o sono e o cansaço e enquanto a música soava, pegou numa caneta, em várias folhas brancas e começou a escrever.
À medida que a noite avançava, uma sensação de paz e de conforto, tomava conta dela, como há muito não acontecia. De tempos a tempos, parava, fechava os olhos e languidamente deixava que a música a invadisse, transportando-a para mundos de sonhos e fantasia, de amor e sensualidade.
Pensava nele, mas estranhamente não se sentia triste.
Pensava em todas as pessoas que tinham feito parte da sua vida.
Teve saudades dos amigos que não abraçava havia tempo, dos que já tinham partido prematuramente, dos amores que tivera, nas oportunidades não aproveitadas.
Sentia que grande parte da sua vida já tinha passado, no entanto isso não a entristeceu, antes fez com que ela entendesse, naquela noite de primavera e de repentina insónia, que queria continuar a viver intensamente todos os momentos, como aquele em que sozinha e em silêncio apenas lhe chegavam baixinho os sons da música.
Teresa E.
29/04/05
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