Segunda-feira, 15 de Janeiro de 2007

História de um aborto

.

Quando a porta se abriu, perguntaram-lhe o nome e com um gesto fizeram-na percorrer um corredor comprido e escuro. Sempre em silêncio, indicaram-lhe uma cadeira para se sentar, no que parecia ser a sala de espera. Fria e quase despida de mobília. Olharam uma para a outra mudas. Não se atreviam a falar, já estava tudo dito e tudo decidido. Restava-lhes esperar pela "sua vez". E ter esperança de que tudo corresse bem.

Ele, o namorado, esperava na rua.
Tinham avisado:
- Nada de homens, se quiser pode trazer uma acompanhante.

Enquanto ali estava, só conseguia pensar que estava a pôr em risco a sua liberdade e até a própria vida. Teria dores, hemorragias? Se algo corresse mal, não tinha hipóteses de ser assistida, naquela casa onde "só" faziam abortos clandestinos. Pensou na mãe que nem sonhava que ela estava a passar por aquilo. Não pensou no filho que não queria. Pensou em si. Mulher jovem, solteira, a cometer um crime à face de uma lei, que os homens e a Igreja teimavam em impor às mulheres.

Finalmente chamaram-na. Entrou naquele quarto, onde estava uma mulher vestida de branco, uma maca, uma mesa com uns quantos instrumentos, que ela preferiu não "ver", uma bacia e uma cadeira.

A primeira pergunta que ela fez foi:

 - Vou ser anestesiada?

Lembra-se que lhe colocaram uma espécie de máscara, como a dos pintores. Lembra-se de ouvir um som, como se fosse uma torneira a pingar. Lembra-se do pavor que sentiu. Mais nada!


Quando começou a acordar, viu a mulher vestida de branco.
Disse-lhe que tinha corrido bem, mas...

- A menina tem o útero torto, sabia?
- Eu não, respondeu ela
- Por isso, tem que vir cá amanhã, para eu ver se ficou tudo limpinho.
- Não pode ver isso, hoje?  Agora?
- Não!

Sentiu-se impotente, aterrorizada. Pagou e saiu daquele último andar de um prédio antigo de Lisboa, a chorar enquanto descia as escadas. Teve que se recompor uns minutos antes de ir para a rua.

Não podia dar nas vistas. O namorado percebeu que algo não estava bem. Só lhe contou quando se sentiu a salvo, em casa da amiga.

Foi como se tivesse feito dois abortos. No dia seguinte, lá estavam de novo, aqueles dois jovens e a amiga de ambos. Clandestinamente perdidos e amedrontados.

A "senhora" de branco recebeu-a com maus modos e apressadamente. Quase sem anestesia, deitada naquela maca, ela apercebeu-se de tudo. O pavor que sentia era tal, que nem se lembra de ter tido dores.

A certa altura, ela ouviu " que já estava tudo bem".

Vestiu-se. Saiu sem olhar para trás. Jurou a si própria que tudo faria, para nunca mais ter de passar por aquilo, daquela forma.

Não foi presa, não ficou estéril, não morreu.

Mas nunca esqueceu!

.

(Quando decidiram os dois, já casados, que era a altura certa - tiveram um filho, amado e desejado)

Teresa E

.

neste momento estou: bem
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escrevinhado por MT-Teresa às 19:37
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27 comentários:
De S.C.B a 3 de Dezembro de 2008 às 11:20
Teresa.
Fiquei emocionada lendo sua história, e posso dizer com total verdade que sei muito bem o que é sentir isso.Amanhã fará, exatamente, dois anos que perdi meu filho.
Fiquei gravida aos meus 16 anos, imatura, precoce, irresponsável.Meu namorado na época tão jovem quanto eu tinha lá seus 15 anos.Quando eu descobri minha gravidez fiquei em choque, tomei remédios, na época ainda no ano escolar, jogava futebol, me exercitava e nunca perdi naturalmente.Levei esse segredo até completar 21 semanas de gravidez quando então minha familia descobriu.Imagina eu com 5 meses já gravida e ninguém desconfiará de nada.Quando meu pai soube imediatamente sem pensar duas vezes me levou ao clinica onde o próprio médico havia dito que eu correria risco de vida.Talvez a vergonha do meu pai de ter uma filha adolescente, gravida era tão grande que ele pagou a quantia necessária(5 mil reais) e me colocou a merce da sorte.
Após sair da tal clinica fui direto ao hospital sangrando, pois o "médico" havia apenas cortado o cordão umbilical, meu filho ainda permanecia dentro de mim, morto.
Chorei tanto, senti tanta raiva e nojo de mim mesma pela falta de coragem de dizer NÃO, eu não quero tirar.No hospital tive que inventar uma história porque tava na cara que aquilo era aborto mais eu não poderia confessar isso levaria meu pai preso.
Aguentei no osso, horas depois estava eu sentindo contrações por causa do remédio que haviam colocado em mim para induzir o parto.Doeu.Foram as 3 horas mais terriveis, chegada a hora, a enfermeira me ajudou a fazer força e ali estava meu filho.Ela me olhou e perguntou se eu queria ver, e eu disse que sim, então o peguei na mão, já formado.
Não acreditava, não conseguia, minha esperança era que ele estivesse vivo.
Mais não estava.
Como havia dito, amanhã fará dois anos.
E a dor ainda é a mesma.Namorei durante cinco anos o menino que seria pai de meu filho, hoje já não estamos juntos.As vezes não sei o que pensar.Mais tenho certeza que se eu pudesse voltar atrás eu teria tido meu filho.Só que eu sou a favor do aborto, acho que a mulher tem total direito de escolha.O meu caso foi diferente, eu fui de certa forma obrigada a abortar.
Mais cada um sabe de sua vida, e cada um sabe a dor que sente ao deitar a cabeça no travesseiro a noite.



De Defensora dos inocentes a 15 de Abril de 2009 às 02:00
Não é fácil doarmo-nos por inteiro, e ser mãe é isso. Cada vida é uma incógnita, mas faz parte da sua beleza ser assim como é: algo a ser vivido. Não permitir que um filho, crescendo no ventre, venha à vida por falta de dinheiro, por falta de marido, por problemas de saúde é o mesmo que pensar que sabemos de antemão o nosso destino. Não sabemos as alegrias que aquele filho que abortámos nos traria, nem os dissabores que o filho que "planeámos" trará. É uma violência e uma cobardia achar que fazemos bem às mulheres dizendo que fazer um aborto em "boas condições" é legal e não faz mal a ninguém. Abortar é matar um filho em crescimento. Quanto à Teresa, eu apenas lhe digo que o bebé dela foi encaminhado para o céu e é amado por todos nós que temos a certeza do seu valor como pessoa única. Sei que se a Teresa tivesse recebido o devido apoio tinha tomado outra decisão. Empenhemo-nos em ouvir as futuras mães em aflição e lembremo-nos dos pais estéreis, prontos a amar a criança que "médicos" gananciosos ou um Estado indiferente desfizeram por meio de sucção, e outros métodos horrendos. Um aborto não é uma operação cirúrgica, é um homicídio. Desculpem a frontalidade, mas os inocentes abortados merecem que a sua voz se faça ouvir. A verdade dói e às vezes só aprendemos assim, olhar para trás para não repetir, olhar para a frente e ver que o futuro são as crianças. A falta de dinheiro não despenaliza o acto, a lei aprovada não nos isenta de culpa, nem das consequências espirituais do mal que fizemos. Quantos lares ricos geram psicopatas que não são amados? Às vezes também educamos mal, ensinando que o aborto não é mal nenhum e que a mulher é que sabe... e o pai? É um tontinho? O pai não tem voto na matéria? O deixa de se preocupar se engravida mulheres a torto e a direito porque elas depois podem abortar, e se não abortarem problema delas? Como é abortar não é matar? Alguém mataria um filho já fora da barriga para dar uma Playstation a outro filho? Alguém mataria um filho por este ter sofrido um acidente e ter ficado cego, ou queimado ou canceroso? Ousemos amar sem limites, olhemos a criatividade geradora de vida e amor quando das pessoas que se entregam totalmente aos outros. Entreguemos a nossa a vida ao serviço do nosso futuro: as crianças de hoje serão os adultos de amanhã. Aprendamos com os erros passados: temos o que queremos à custa da vida de um filho? Mataríamos um adversário nosso (no emprego, por exemplo) para obtermos o seu lugar? Mataríamos para subirmos na vida ou para manter o nível de vida? Aceitar o aborto é dizer sim, matamos e achamos que devemos ter condições favoráveis para matar, sem que fiquemos com sinais de luta, sem mazelas, vitoriosos e felizes. Teresa, não a quero atacar, é só para que saiba que entendo que passou por muito, mas que a sua experiência poderia servir para aconselhar outras mães a não se submeterem a isso. As mazelas ficam, na alma, a cura começa com o confronto com a verdade. Reze pelo seu filho que morreu, ele não a esqueceu e quer reconciliar-se consigo. Independentemente do pseudo-apoio que tem lembre-se que o importante é ter percebido o que aconteceu e saber que só a verdade a tornará livre. Beijo. Este texto não era tanto para si como para aqueles que dizem aos outros que podem abortar se quiserem, no passa nada... Não é verdade. Eu quase que abortei o meu filho, mas acabei por tê-lo com 16 anos. Pensei que a minha vida ía acabar, hoje tenho pouco, mas tenho tudo. Qdo olho para ele e penso no que ía fazer sei que ele sente algum desencanto em relação a mim, pois contei-lhe tudo. Espero que com o tempo ele me perdoe eu ter premeditado o seu assassinato para que eu pudesse viver com mais conforto. Moralmente, agi mal só de ter ponderado isso e é tão grave como tê-lo feito, se não fiz foi por "milímetros"...Juro que a entendo. Beijinhos. Perdoem-me a minha aspereza, mas é por amor desses pequeninos que querem ser amados. No fundo sabemos que isto não são baboseiras, eu lembro-me de planear o acto e depois sentir algo muito profundo indicando que estava ali o meu filho: senti ódio por amá-lo e julgava que o odiava e por isso queria ver-me livre dele: o que era aquilo? O que era esta a sentir a responsabilidade de ter que cuidar de outro ser humano a tempo inteiro? Era o amor...e o medo


De juh a 31 de Agosto de 2010 às 23:07
eu não sei se é da personalidade, mas pra mim abortar uma criança uma parte de você,sendo que se tem conciencia do que ''foi feito'',alem de desumano demonstra fraqueza de espirito e força.... incapacidade de superar todas as dificuldades que a sociedade impôe... eles continuaram juntos e tiveram um filho amado e desejado... eu sei que não é comigo mas não custaria tanto ter antecipado as coisas e poupar uma vida,eu tenho certeza que depois de nascido aquele bebezinho seria tbm desejado e amado!


De dieny a 28 de Março de 2011 às 18:20
Sou contra ao aborto, é uma nova vida que tiramos , para que ter filho se vai aborta? mesmo sendo sendo no caso de violentação, o bebe que ira nascer nao tem culpa deixa o nascer e doua para quem quer e cuida. aborto é coisa seria já vi varias palestras e é uma grand tristeza. quem tem coração nunca aborte um bebe. Deus os abençoe.!


De ana beatriz a 25 de Junho de 2011 às 01:02
Aborto uma das piores coisas da vida,um ser apagando outro ser,sem nenhuma autorização uma mulher que faz isso deveria ser punida,e nunca na vida deveria ter a capacidade de ser mãe
pois uma mulher dessa não deve der chamada de mãe.e sim de um bicho que não tem capacidade de ser digna a si mesma
seca sem útero e sem coração:(


De Alex a 23 de Setembro de 2011 às 17:10
Olá, Tenho 18 anos , minha namorada é mais nova do que eu, engravidei ela & agora não sei o que fazer, se ela abortar meu filho, vou sofrer muito, pro resto de minha vida, e se ela tiver esse filho, de um jeito ou outro vai ter que contar pros pais dela, e a família dela vai ficar encima de mim, vai fazer ameaças e talz, ou até mesmo chamar a policia pra mim, conheço muito bem a familia da minha namorada, tou muito procupado com as consequencias, sei que se eu tiver ese filho, vou sofrer muito preconceitos, tanto eu quanto ela, não sei o que fazer osbre esse caso.
coração aperta de vez enquando, choro sempre que penso nisso.
osu Jovem , se alguem tiver uns conselho pra mim, por favor entre em contato, preciso muito de alguem pra me apoiar nesse momento e tambem apoiar minha namorada =[


De Morgana a 30 de Novembro de 2011 às 19:51
Isso e uma falta de ética. Pq... Q na hr q ela tava lá no bem e bom ela num lembrou q era jovem q tinha uma vida pela frente, se já e adulta para abri as pernas e adulta para criar uma criança... Isso naum se teve fazer ter um filho e um privilégio e uma das melhores coisas da vida......


De thenile a 28 de Agosto de 2012 às 20:11
tb naum axo certo o aborto...matarem seu proprio filho que n teve culpa do descuido dos propris pais!!!
deviam ser penalizados!!!!


De scala a 4 de Setembro de 2012 às 03:30
Acho o seguinte: todos cometemos erros! Com certeza o aborto alem d ser crime,vai contra a vida,e se e contra a vida,e contra Deus. So q se ha arrependimento d coracao,DEUS perdoa e renova nossa vida. Aprendemos a odiar o aborto n pelo o q ele realment e,mas pelo q a sociedad nos impoe acreditar. Quantas vezes nao cometemos pecados \"discretos\" aos olhos humanos e preferimos olhar so p o pecado alheio? Nao somos juizes. Se Deus perdoou esse casal e lhes deu mais uma bencao, quem somos nos para questionarmos? Precisamos parar c a hipocrisia!!!


De Tania Aparecida a 24 de Novembro de 2012 às 13:14
eu sou totalmente contra o aborto...
eu tenho 15 anos e as veses tenho vontade de ser mae, mais sei que nao estou pronta.
e se acontecer de eu engravidar agora vou cuidar dele com todo o amr e com todas disficuldades...!


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