Foto minha
Ameaçadoras as nuvens cobrem o meu horizonte de luz
E os meus olhos deixaram de ser de mar.
Passo pela multidão fechando o meu rosto aos olhares
que me tentam decifrar o pensamento e o sentir.
Interpreto os silêncios e as ausências de uma forma crua e dolorosa.
A verdade está para além das palavras que se dizem por dizer.
A verdade não se esconde por mil máscaras que se usem.
A verdade é que estou só!
Estou só no meio de uma tempestada repentina e duradoira.
E não sabia...
Hoje, escrever a dor é difícil. Tal como foi, outrora, escrever a alegria.
O meu grito é interior. A minha escrita também.
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Obrigada a todos
Pintura de Degas
Já me vesti de preto e dancei um tango atrevido
Set2006 (excerto)
(Foto minha)
" O sonho representa a realização de um desejo " (Sigmund Freud)
.....
Ao regressarmos a um lugar que nos marcou e encantou corre-se sempre o risco de apagar da memória a nossa primeira impressão, no entanto o meu sonho de voltar a Veneza nunca me abandonou nos últimos dez anos.
O meu " olhar " sobre Veneza vai ficar registado no meu outro blogue " Olhares meus e d' Outros ", como seria de esperar. Espero que gostem das fotografias e da quase crónica que pretendo fazer.
Como eu escrevi aqui " Veneza será sempre a mortal inimiga dos sons verbais " e estou feliz por ter realizado um sonho.
Foto: Jean Sebastien Monzani
.......
Porque hoje é o dia do livro ...
Nas tuas mãos
Fui livro inteiro
Árvore frondosa, amada
Fruto doce e perfumado
Lágrima silenciosa
Em cada página de paixão
Fui escrita dolorosa
Desenganada e saudosa
Rosa desfolhada, no jardim da inquietação
Sou, ainda, livro inteiro
Intimista e verdadeiro
Nas asas da imaginação
E porque vou estar de férias
(a realização de um sonho antigo, revisitar uma cidade única e mágica, Veneza)
Deixo-vos antecipadamente
A Flor Rubra da Liberdade
Para que nunca seja esquecida, neste tempo de fracas memórias
e de promessas incumpridas
25 de Abril Sempre!
Bom dia da Terra
O nosso rosto reflectido no espelho a sorrir-nos
Como se não tivessemos envelhecido
Como se ainda tivessemos todo o tempo do mundo para viver
Os dias cinzentos "acinzentam-me".
(pode ser que o sol entre logo à noite, quando o meu filho se deparar com cerca de 60 pessoas, equipa de rugby incluída, que se vão reunir numa festa-surpresa que preparámos para comemorar o seu aniversário)
Pierre Marcel, "Together"
" Olha à direita e à esquerda do tempo, e que o teu coração aprenda a estar tranquilo "
Garcia Lorca
" Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror "
Charlie Chaplin ( 16/04/1889-25/12/1977)
[ 120 anos do seu nascimento ]
Recordar a sua genialidade e capacidade de nos fazer rir, chorar e pensar.
City Lights - ending - Charlie Chaplin
Modern Times - Charlie Chaplin
(desligar a música de fundo para ouvir o video)
(desconheço o autor)
Boa Páscoa para todos os meus amigos e visitantes
Paula Rego
... deixa-me voar uma vez mais sobre
esta terra de ninguém onde morro
por qualquer coisa que me fale de ti ...
Alice Vieira, Dois Corpos Tombando na Água (excerto)
(foto minha)
(As flores de Papel, 2007)
No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
......
85 anos, Mãe!
Agora, que nos olhamos sem sombras a toldar o nosso amor.
Que a dor se fundiu com a compreensão e deu lugar à paz.
Agora, Mãe...! Posso dizer que caminhamos de mãos dadas num caminho único.
" Eu vou com as aves " e de vez em quando levo-te comigo.
Parabéns, Mãe.
O Livro das Fadas de Betty Bib fez-me voltar, por um instante, à minha infância.
......
Também me fez recordar Florbela Espanca e o seu "Conto de Fadas"
Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.
Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras de uma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...
Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O Sol que é de oiro, a onda que palpita.
Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
- Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa do conto: « Era uma vez...»
......
Quem nunca sonhou que era a "Princesa do conto" ou o " Prince Charmant " ?
" Só a fantasia permanece sempre jovem; o que nunca aconteceu nunca envelhece "
Schiller, Friedrich
Primavera, de Boticcelli
Que Primavera é esta que me encanta
Docemente me atordoa e me confunde
Tão serena e branda no fluir
Quente e abrasadora no sentir?
Que cheiros são estes que despertam
a lembrança, profundamente adormecida?
Quem sou eu...afinal, que renasço a cada Primavera?
Rodin
Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.
Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...
Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...
Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.
António Botto
( 50 anos da sua morte)
Salvador Dali
Mulher - raiz
Mulher - refúgio
Mulher - sofrida
Mulher - vida
" Yo no pinto sueños... pinto mi realidad "
- Em Portugal , no ano de 2008, foram registadas 44 mortes de mulheres vítimas de agressão doméstica.
- Desde 2004, 183 mulheres morreram devido a actos de violência doméstica.
....
Estou quase a concordar com a minha amiga-irmã Margarida.
- Celebrar o Dia Internacional da Mulher... para quê?
(foto minha)
Que rosto é este por detrás da máscara?
.....
" Cobre a memória da tua cara com a máscara daquela que serás
e afugenta a menina que foste "
Mal fora iniciada a secreta viagem,
um deus me segredou que eu não iria só.
Por isso a cada vulto os sentidos reagem,
supondo ser a luz que o deus me segredou.
David Mourão Ferreira
" A Inverno chuvoso Verão abundoso "
Será que é desta que vou guardar o meu chapéu de chuva?
Esperemos que sim...
Fotografia de Al Magnus
(foto minha)
Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.
Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!
Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'
(imagem de autor desconhecido)
Chegou com aqueles olhos muito vivos e o sorriso de outrora que me fizeram esquecer os muitos anos de vida e as marcas inegáveis no seu rosto de anciã. A velhice, além das dores de ossos e outras maleitas, trouxera-lhe também alguma serenidade e resignação perante as diversas coisas que ia gradualmente deixando de poder fazer no seu dia-a-dia.
Os últimos anos não tinham sido generosos com ela. Nunca se está preparado para uma velhice repentina, mesmo que a idade já seja avançada Para mim, que a observo em silêncio e sem valorizar aparentemente essa realidade cruel, também é doloroso assistir à galopada infernal da decadência que inevitavelmente vem com a velhice.
Mas naquele dia, ela vinha radiosa e feliz, na sua camisola nova e colar de pérolas, preparada para o jantar de Ano Novo em minha casa. Eu, atarefada com os preparativos, andava de um lado para o outro, cheia de energia, como ela sempre gostou.
É pela minha energia e vontade de fazer coisas que ela mede a forma como me sinto.
Ela sabe. Conhece-me como ninguém e confesso que isso muitas vezes me incomodou.
Mas, agora, já não me escondo do seu olhar.
Já não fujo. Já não "represento".
Deixou de ter importância desde que a comecei a "ver" de outro modo.
E temo que o que ela sempre diz, em cada Natal e Ano Novo que passa "Este vai ser o último", possa acontecer de um momento para o outro.
Recomeça
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
Sempre a sonhar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga
......................
Com o ano a terminar desejo a todos um Bom Ano 2009 e, como não podia deixar de ser, deixo-vos como último post de 2008, a Poesia.
Nela Vicente
É um sol de Inverno
Intenso. Este que rompe as manhãs
Enevoadas e pesadas
Da memória que me resta.
Ao longe, ouvem-se os pássaros
[outrora azuis e encantados]
a chamar a Primavera
que ainda tarda
mas prestes a despontar em mim.
Apresso-me nos caminhos
que não quero perder de vista
e as flores silvestres,
a nascer sob os meus passos,
emprestam ao tempo o doce aroma da ilusão.
Ecoam, já, as harpas encantadas
arautos de um mundo perfeito
onde só entram sonhadores de olhos vagos e poetas.
Poeta não sou. Se o fosse teria páginas publicadas
e livros editados.
Ah! Se eu fosse poeta, não teria estes olhos de mar manso e azulado
às vezes, tão enganados.
Tenho, porém, passagem certa para esse mundo.
Porque dos meus sonhos não abro mão mesmo que esteja, agora, apaziguada.
~~~~~~~
Em Dezembro de 2006 escrevi um post sobre Caixinhas de Música
e sobre o meu desejo de ter uma.
Neste Natal de 2008
Em que o frio, a chuva e a neve
se fazem sentir com intensidade
Em que a crise está instalada
e veio para durar
Em que a esperança de dias melhores
parece congelada
Em que a poesia e a escrita
estão adiadas (em mim)
Neste Natal
Com um sorriso de satisfação
e um brilho especial nos olhos
" ofereci-me "
esta caixinha de música
Deixo-vos a música do "Quebra Nozes"
de Tchaikovsky
e os meus votos de
BOAS FESTAS
Foto de Jonh Kimberley
Ó Poesia sonhei que fosses tudo
E eis-me na orla vã abandonada
Uma por uma as ondas sem defeito
Quebram o seu colo azul de espuma
E é como se um poema fosse nada
Sophia de Mello Breyner
........
E o meu sonho de poeta ( ? )
Interrompeu-se ...
E os versos que faço
Estão em mim , colados nos meus olhos
O que vejo, toco e sinto
já não escrevo.
Voltarei? Talvez um dia ....
(desconheço o autor da imagem)
(foto minha)
Afinal "devolver o rio à cidade" parece ser um projecto para ficar na gaveta dos senhores que governam a cidade de Lisboa.
A petição para impedir a "construção" de uma "muralha de contentores" na zona de Alcântara está a decorrer aqui.
Esta Lisboa que eu amo merece que a sua janela virada para o rio permaneça aberta.
Divulguem nos vossos blogues e já agora façam o favor de assinar.
Lisboa agradece!
[ e eu também ]
Nota: Até ao momento já foram recolhidas 11.680 assinaturas
O pensador, Rodin
Num tempo de engano universal, dizer a verdade é um acto revolucionário.
George Orwell
Marc Chagall
De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Soneto da Fidelidade, Vinicius de Moraes
Maggie Taylor
É outono, desprende-te de mim.
Solta-me os cabelos, potros indomáveis
sem nenhuma melancolia,
sem encontros marcados,
sem cartas a responder.
Deixa-me o braço direito,
o mais ardente dos meus braços,
o mais azul,
o mais feito para voar.
Devolve-me o rosto de um verão
Sem a febre de tantos lábios,
Sem nenhum rumor de lágrimas
Nas pálpebras acesas
Deixa-me só, vegetal e só,
correndo como rio de folhas
para a noite onde a mais bela aventura
se escreve exactamente sem nenhuma letra.
Eugénio de Andrade
(1920 - 6/Out/1999)
(ler o texto completo aqui)
......
Não é novidade o meu gosto pelo fado e pela Amália Rodrigues e, hoje, dei-me conta de que faz nove anos que ela nos deixou fisicamente.
A sua voz e a sua imagem permanecem.
Esta noite, no Vivências, ouve-se o fado na voz da Amália; queiram fazer silêncio, por favor.
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