Foto de Jonh Kimberley
Ó Poesia sonhei que fosses tudo
E eis-me na orla vã abandonada
Uma por uma as ondas sem defeito
Quebram o seu colo azul de espuma
E é como se um poema fosse nada
Sophia de Mello Breyner
........
E o meu sonho de poeta ( ? )
Interrompeu-se ...
E os versos que faço
Estão em mim , colados nos meus olhos
O que vejo, toco e sinto
já não escrevo.
Voltarei? Talvez um dia ....
Devagar no jardim a noite poisa
E o bailado
dos seus passos
Liberta a minha alma dos seus laços,
Como se de novo
fosse criada cada coisa.
Sophia de Mello Breyner
Pintura de Steven Kenny
" Reflexos de Céu "
Casas do Cruzeiro, Aldeia do Sabugueiro, Serra da Estrela
(foto de MT-Vivências)
Há sempre um deus fantástico nas casas
Em que eu vivo, e em volta dos meus passos
Eu sinto os grandes anjos cujas asas
Contêm todo o vento dos espaços
Sophia de Mello Breyner, in Dia do Mar
Fotos de MTeresaVivências, Lisboa e o Tejo vistos do Miradouro da Srª do Monte, à Graça
....
Digo:
"Lisboa"
Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas
( ... )
Sophia de Mello Breyner
A Memória, de Magritte
Cantaremos o desencontro:
O limiar e o linear perdidos
Cantaremos o desencontro:
A vida errada num país errado
Novos ratos mostram a avidez antiga
Sophia de Mello Breyner, "Poema", in O Nome das Coisas
Fotos: MT
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim
Sophia de Mello Breyner
Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura.
Sophia de Mello Breyner
......
.
Ó dia de hoje, ó dia de horas claras
Florindo nas ondas, cantando nas florestas
No teu ar brilham transparentes festas
E o fantasma das maravilhas raras
Visita, uma por uma, as tuas horas
Em que há por vezes súbitas demoras
Plenas como as pausas dum verso
.
Ó dia de hoje, ó dia de horas leves
Bailando na doçura
E na amargura
De serem perfeitas e de serem breves.
.
Sophia De Mello Breyner
.
.
Vinhas descendo ao longo das estradas,
Mais leve do que a dansa
Como seguindo o sonho que balança
Através das ramagens inspiradas.
.
E o jardim tremeu,
Pálido de esperança.
.
Sophia de Mello Breyner ( Dia do Mar)
.
.
Quem és tu que assim vens pela noite adiante,
Pisando o luar branco dos caminhos,
Sob o rumor das folhas inspiradas?
.
A perfeição nasce do eco dos teus passos,
E a tua presença acorda a plenitude
A que as coisas tinham sido destinadas.
.
A história da noite é o gesto dos teus braços,
O ardor do vento a tua juventude,
E o teu andar é a beleza das estradas.
.
Sophia de Mello Breyner
.
.
Mas como és belo, amor,
de não durares,
De ser tão breve e fundo
o teu engano,
E de eu te possuir
sem tu te dares
.
Sophia de Mello Breyner
.
.
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
Sophia de Mello Breyner
Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!
Sophia de Mello Breyner
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
Sophia de Mello Breyner
"Mulher adormecida" de Picasso
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sózinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies de silêncio
Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente
Sophia de Mello Breyner
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
Sophia de Mello Breyner
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