Segunda-feira, 29 de Setembro de 2008
Devagar no jardim a noite poisa
E o bailado
dos seus passos
Liberta a minha alma dos seus laços,
Como se de novo
fosse criada cada coisa.
Sophia de Mello Breyner
Quarta-feira, 26 de Março de 2008
" Quando a noite chega o maravilhoso não escurece "
Gonçalo M. Tavares
....
Rasgam-me a pele, as pedras pontiagudas da indiferença dos homens.
Equilibro-me nos escassos sorrisos que ainda restam nos corredores lisos da compreensão mas os meus olhos perplexos voltam a encarar os rostos da ambição desmedida e da traição que sem pudor dispensaram as máscaras onde se esconderam temporariamente.
Luto desesperadamente para vislumbrar os horizontes tranquilos que me permitem seguir em frente.
Quero acreditar que sim...!
Que não me afundo no lodo que me rodeia.
Que o maravilhoso não escurece quando a noite se abate sobre nós.
neste momento estou: desanimada
Quarta-feira, 2 de Janeiro de 2008
"La Valse" de Camille Cloudel
Sou uma delicada neblina
Na minha cama de lua branca
Escondo-me entre o linho e as penas
Onde só o meu corpo cabe
E toda a noite eu rodopio
Ofegante e cadenciada
A valsar em salões de baile
Até me doer a madrugada
Escuta o som das águas cristalinas
Que te falam dos meus olhos
Desliza no chão rubro dos meus desejos
Por onde se me arrastam os passos
E vem, Amor, vem dançar comigo
Porque nos meus sonhos
Ah...! Meu Amor, nos meus sonhos
ainda estou perdida a valsar nos teus braços
MT-Teresa
ao som de: Leonard Cohen - Take this Waltz
Quarta-feira, 12 de Dezembro de 2007
Óleo de Van Gogh
Procurou-me uma estrela na noite dos meus sentidos
Cadente, como as palavras que já não dizes
Reluzente, como o teu olhar distante
Perdido...
Ah...! Encantador dos meus olhos rasos
Escondo-me no crepúsculo dos dias
E em noites de espelhos mágicos
Onde rostos se cobrem de nostalgia
O eco de uma voz quente, acaricia-te
Lamento cálido de uma despedida
Vendaval de sentires acorrentados
Sou eu... a silenciar
Os desejos adiados do meu corpo
Incendiado pela tua ausência
Nos meus sonhos brandos
MT-Teresa
neste momento estou: em baixo
Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2007
(fotografia de Carla Maio-1000Imagens)
Esta noite sonhei passos no vazio da casa.
Os risos que eu ouvi, abriram janelas a pássaros sem asas
presos ao meu leito.
O silêncio tem a tua voz.
Mas eu guardo ainda o rumor das tuas águas
a bater-me no peito.
Só te sinto à noite, quando a lua se descobre.
De manhã acordo, e sonho que te beijo.
MT-Teresa
Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007
Pintura de António Peticov
Era uma noite igual a tantas outras.
Entrou na sala onde apenas se via a luz do pequeno candeeiro sobre a escrivaninha. O resto da casa estava às escuras com a excepção do hall de entrada que ela tinha por hábito deixar iluminado, para lhe dar a sensação de que morava ali mais gente.
Acendeu uma vela aromática para disfarçar o cheiro do tabaco e começou a escrever na tentativa de aliviar a melancolia que se começava a apoderar dela. No silêncio esmagador da sua solidão, apenas se ouvia o som das teclas do computador sob os seus dedos.
Não esperava visitas e certamente ninguém lhe iria bater à porta. Estava sozinha como na maioria das noites da semana, mas naquele momento tudo lhe era pesado.
Aquela, era uma daquelas noites em que precisava de ouvir dizer: Amo-te.
Fechou os olhos e imaginou-se a subir uma escada que a levasse para um mundo encantado onde os silêncios fossem leves, as palavras verdadeiras e as pessoas permanecessem para todo o sempre.
Um mundo onde a palavra "partida" não fosse conhecida.
MT-Teresa
(18/10/07)
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Segunda-feira, 8 de Outubro de 2007
Imagem retirada do Google
Na face iluminada da Lua revelam-se segredos e desvendam-se mistérios em teias de alegres sonhos que me acordam os sentidos.
Flutuo no ar com a leveza de um pássaro de fogo e deixo que os desejos lunares me arrebatam o corpo.
MTTeresa
neste momento estou:
ao som de: Pink Floyd " Dark Side of the Moon"
Terça-feira, 18 de Setembro de 2007
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Os meus sonhos não cabem nas palavras que vou sonhando
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neste momento estou: coerente e fiel a mim própria
Quinta-feira, 21 de Junho de 2007
Óleo de Nela Vicente
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Devia ser proibido que a tristeza se instalasse quando o amor nos sorri.
Pedir a quem?
À Lua...ou aos astros que nos espreitam?
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Talvez aos deuses que nos fazem dançar e cair ao sabor da sua música.
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neste momento estou: no meio
ao som de: Sting - Until
Sexta-feira, 13 de Abril de 2007
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Que tristeza te adivinho
profunda, dolorosamente gritada
vinda da tua alma em sangue
do teu corpo expectante
em noites escuras de desejos
amordaçados
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Solta o teu pranto, Poeta
deixa os abismos passar
renasçe para a nova claridade
e abraça sem medo
a aura misteriosa
com que te envolvo nos meus braços
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Reconheces-me de outras vidas?
..........
Teresa E (13/04/07)
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Terça-feira, 20 de Março de 2007
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Adormeço para não pensar
Mas penso mesmo a sonhar
Acordo, exausta,
Assustada e a chorar.
Mas acordando tudo se mistura
O sonho com a realidade
O presente e o passado
A mentira e a verdade.
Não quero adormecer
Meus olhos ficam abertos
Lutando para não sonhar.
E então mesmo acordada
Pelos sonhos sou assaltada
Vislumbro as sombras negras
até chegar a madrugada
A luz não me apazigua
A noite me tortura
Vivo sonhando
Como sonâmbula nua
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Teresa E
8/1/05
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Quinta-feira, 22 de Fevereiro de 2007
Imagem retirada da Net
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Não sei...
se um desejo,
uma quimera...
um sopro suave
sussurrado
ou um beijo doce
de Primavera
me teria despertado...
Sei...
que alguma coisa
me acordou o desejo
(sepultado)
e o que foi
trouxe-me a cor
das noites claras
e nas entranhas,
o calor
desenfreado
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Teresa E.
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neste momento estou: neste momento, com insónia
Sexta-feira, 22 de Dezembro de 2006
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Sonhei com cores cinza e branca
Agitei meu ser com sons vagos
Voltei meus lencóis do avesso
Percorri as brumas do incerto
Gemi as dores que são tuas
Somei tua tristeza à minha
Murmurei queixumes diversos
Apaguei a luz da memória
Confundi o Sol com a Lua
Procurei uma estrela sem luz
Expulsei anjos e demónios
Atei meus laços perdidos
Abri os meus olhos sem ódios
Senti a esperança em mim
Beijei o teu rosto querido
Acordei de um sono sem fim
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Teresa E.
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Sexta-feira, 15 de Dezembro de 2006
Foto de JF
Das sombras que se vestem
de luares e rendilhados de estrelas
apenas sei que as sinto e as pressinto
e o meu sorriso quase as alcança
e prende, num abraço etéreo
cheio de beijos dissimulados
Que me desnudo...perante elas?
Que importa?
Se os meus sonhos,
já não me pertencem
de tanto adivinhados!
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Teresa E.
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neste momento estou:
Terça-feira, 28 de Novembro de 2006
Para quem danço?
Nem eu sei....
Danço com as palavras, com as mãos, com os olhos
Danço sózinha no meio das gentes
Danço nua, vestida de azul, ou de negro e até de vermelho já me cobri.
Danço a rir e a chorar
Danço a sonhar
Até quando amo, eu danço.
Vivi sempre a dançar, mesmo parada no meu canto
Dançarei sempre , mesmo que a música se cale
Ensaiei passos diferentes para acordes vários
Em alguns, tropecei, até caí
Mas sempre a dançar, nunca desisti
E retomava os passos novos que aprendi
Porque a dança é vida e quando eu parar
É porque morri!
Se é para ti que eu danço?
Danço para mim!
Mas esta noite, sim, a minha dança foi para ti!
neste momento estou: acordada à pressa
Sábado, 25 de Novembro de 2006
Sinto um frio estranho
que se chama inquietação
Uma dor antiga
que se chama solidão
Uma lágrima teimosa
que se chama tristeza
Um sorriso triste
que se chama saudade
Um olhar azul
que se chama melancolia
Tudo se transforma e se repete à minha passagem.
Sei de cor, o princípio e o fim de tudo...
Insisto em me mascarar para que o destino não me encontre
Atiro beijos ao mar que me são devolvidos...transfigurados
Amo sombras que não consigo tocar
Acaricio corpos de areia
Mas...se desisto, perco-me de mim!
Teresa E.
neste momento estou: vazia
Quarta-feira, 22 de Novembro de 2006
Os silêncios
são palavras não ditas
mas que eu desvendo
são saudades
que não desejas
mas te atormentam
recordações
que omites
mas te perseguem
erros negados
mas que persistem
amores passados
que regressam
Ás vezes és assim!
Pássaro moribundo
sem destino, sem poiso, solitário.
Ás vezes percorro as distâncias
e consigo ser a terra
quente e forte que te acolhe.
Mas...É tão difícil, meu amor
acompanhar-te nessas
obscuras caminhadas
onde não há lugar para mim!
(T.E. - 15/01/2006)
Sábado, 14 de Outubro de 2006
Quando as palavras que se escrevem dão o mote à inspiração de outros, a solidão que por vezes nos acompanha nesse acto ( que na maioria das vezes é solitário e silencioso) é rasgada com sorrisos que nos dão força , como este que o meu grande amigo e Poeta Joaquim Sustelo me ofereceu " dançando" comigo. Obrigada por me fazeres companhia.
ESTA NOITE DANCEI SÓ PARA TI
De túnicas de cambraia azul
Eu me vesti,
Salpicadas de desejos
E de beijos
Cor de carmim.
E assim,
Esta noite dancei só para ti
Nunca sabes quando eu chego...
Previamente não to digo.
Não te afirmo nem o nego
E aquela vez, tão bonita,
Da minha última visita
Pensas sempre que foi a derradeira.
Mas gosto desta maneira
De deixar-te em incerteza...
Este suplício da espera
Que sei que te desespera
Não tendo de mim sinais...
Que ao mesmo tempo te atiça
Pra saberes... e te enfeitiça
Sempre mais, cada vez mais.
Mas quando para ti danço
O toque não é permitido;
Ficas na frente sentado
Naquela mesma poltrona
Onde passas muitas horas
Dos dias onde demoras
A dirigir-me a coragem.
A dançar se me abandona
Na minha dança selvagem
O meu corpo à tua frente
E vês-me dançar... Somente!
Já dancei com todas as cores:
De preto, um tango atrevido!
Já valsei de branco e rosa...
E de azul vestida agora
Eu era a tua Isadora
Causando-te aquelas dores
Que sei que a tua alma sente
Por me veres provocando
Dançando, rodopiando
Aumentando esses calores
À tua frente...
Em certas noites
Abro a porta mansamente
E nem sequer por mim dás...
Entro silenciosamente
E é o meu perfume que faz
A denúncia da chegada.
Quero que me acoites
Nos teus braços...
E esses laços
De amor, que a vida nunca desfez,
Sejam sempre uma alvorada
Para nós,
Como se ouvíssemos
Cada um, do outro, a voz
Pela primeira vez...
Nosso caso de amor
Ele é sublime, etéreo,
Mas onde nada se sabe,
Tudo, tudo, é um mistério...
Também há noites em que me contas
A tua vida passada;
As tuas histórias, algumas até tontas...
E eu fico sentada
No chão
Apoiada com a cabeça no teu colo
A ouvir-te com emoção.
Assim me enrolo
A ti, escutando essa cadência
Que me acalma
Porque conforta tanto a minha alma!
Meu coração-viajante
Segreda-me a cada instante
Desejos de permanência
Que a alma nunca escutou.
Ah, se ficasse contigo
Teria como castigo
O deixar de ser quem sou!...
As nossas noites são a nossa vida
Onde passamos horas de harmonia
Um tempo que contudo é de fugida...
Ao chegar a manhã, cessa a magia.
Sei que ao partir
Te deixo em desespero
Sem saberes se hei-de ressurgir...
Mas é assim que eu quero!
Apenas sabes pelo que escrevi
Que é à noite
Que eu danço só para ti.
Joaquim Sustelo
(totalmente adaptado- com muitos versos iguais às suas frases - do magnífico texto da minha amiga Mar Teresa)
Domingo, 24 de Setembro de 2006
Vesti-me de túnicas de cambraia azul, salpicadas de beijos cor de carmim e esta noite dancei só para ti.
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Nunca sabes quando eu chego, por isso esperas-me receoso e inseguro porque desconheces se a minha última visita, não terá sido a derradeira. Faz parte da ilusão que criei e na qual resvalas todas as noites e, eu sei que gostas desta incerteza que te desespera mas que te enfeitiça cada vez mais.
Quando danço para ti , o toque não é permitido. Ficas sentado nessa poltrona, em que passas muitas horas dos teus dias e olhas-me na minha dança selvagem.
....
Já me vesti de preto e dancei um tango atrevido
e até já valsei vestida de branco e rosa ,
mas esta noite em que o meu corpo,
estava de azul vestido,
fui uma Duncan provocadora e livre,
rodopiando á tua volta.
....
Em certas noites, abro a porta tão mansamente que mal dás pela minha chegada. Aproximo-me silenciosamente e quando o meu perfume me denuncia, viras-te, corres para mim e abraçamo-nos como se fosse um primeiro encontro. É aí que reside a alquimia, os nossos encontros são sempre primeiros encontros, onde nada se sabe e tudo é mistério.
Também existem noites, em que tu me contas a tua vida passada, as tuas histórias e o teu sentir. Sento-me no chão, com a cabeça apoiada no teu colo e enquanto me afagas os cabelos, eu fecho os olhos e viajo ao som da tua voz quente e calma. Nessas alturas invade-me uma sensação de paz e o meu coração viajante. segreda-me desejos de permanência mas que teimo em não escutar. Se eu ficasse contigo, deixaria de ser quem sou.
...
As nossas noites são a nossa vida,
porque com a manhã, cessa a magia
Não sabes se volto,
porque é assim que eu quero.
Apenas sabes que é à noite que eu danço só para ti!
Teresa E.
22/09/06