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"Cada um de nós é uma lua e tem um lado escuro
que nunca mostra a ninguém "
"Mark Twain"
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" Nada garante que tu existas
Não acredito que tu existas
Só necessito que tu existas" (David Mourão Ferreira)
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Que não se apague a "Alvorada que eu esperava"
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Que não se esqueçam os Homens
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Agradeço a todos os que por aqui foram deixando o seu cravo
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BOM 25 de ABRIL
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José L. Santos (sombra)
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Cela de Isolamento PIDE (Coimbra) . (Fonte: Associação 25 de Abril) . Mesmo na noite mais triste Em tempo de servidão Há sempre alguém que diz não . .
Há sempre alguém que resiste
Manuel Alegre (Trova do vento que passa)
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No meu país não acontece nada
à terra vai-se pela estrada em frente
Novembro é quanta cor o céu consente
às casas com que o frio abre a praça
Dezembro vibra os vidros brande as folhas
a brisa sopra e corre e varre o adro menos mal
que o mais zeloso varredor municipal
Mas que fazer de toda esta cor azul
que cobre os campos neste meu país de sul?
A gente é previdente cala-se e mais nada
A boca é para comer e pra trazer fechada
o único caminho é direito ao sol
No meu país não acontece nada
o corpo curva ao peso de uma alma que não sente
Todos temos janela para o mar voltada
o fisco vela e a palavra era para toda a gente
E juntam-se na casa portuguesa
a saudade e o transístor sob o céu azul
A indústria prospera e fazem-se ao abrigo
da velha lei mental pastilhas de mentol
Morre-se a ocidente como o sol à tarde
Cai a sirene sob o sol a pino
Da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde
Nesta orla costeira qual de nos foi um dia menino?
Há neste mundo seres para quem
a vida contém contentamento
E a nação faz um apelo à mãe,
atenta à gravidade do momento
O meu país é o que o mar não quer
é o pescador cuspido à praia à luz do dia
pois a areia cresceu e a gente em vão requer
curvada o que de fronte erguida já lhe pertencia
A minha terra é uma grande estrada
que põe a pedra entre o homem e a mulher
O homem venda a vida e verga sob a enxada
O meu país é o que o mar não quer
Ruy Belo
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Pintura de Cesariny (fragmento)
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Com um tear de marfim
uma teia de pingos d'água
amorosamente teci
dei-lhe a cor da minha boca
rubra como uma rosa
o perfume do meu corpo
coberto de jasmim
a seda da minha pele
quente como o mosto
o azul dos meus olhos
brilhantes de luar
e as vagas ondulantes
de sereia do mar
Teci uma teia perfeita
e nela me escondi
cativo sombras e almas
que andam a vaguear
umas prendo
outras não
quando solto o meu cantar
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Teresa E.
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Adoro as coisas simples.
Elas são o último refúgio de um espírito complexo
Oscar Wilde
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Deixo-vos com algumas das coisas simples de que gosto
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Quais são as vossas?
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Bom Fim de Semana
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Que tristeza te adivinho
profunda, dolorosamente gritada
vinda da tua alma em sangue
do teu corpo expectante
em noites escuras de desejos
amordaçados
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Solta o teu pranto, Poeta
deixa os abismos passar
renasçe para a nova claridade
e abraça sem medo
a aura misteriosa
com que te envolvo nos meus braços
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Reconheces-me de outras vidas?
..........
Teresa E (13/04/07)
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Hoje... de rosto sereno e soalheiro
olhos azul-mar cheios de sorrisos
cabelos loiros perfumados de flores
abracei a manhã,
quando apenas os pássaros se ouviam
e o mundo ainda adormecido
me fazia companhia.
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Com uma mão, desprendi uma rosa
tirei-lhe os espinhos
depositei nela os beijos
saídos intactos da minha boca
e com a outra....soprei-a pela porta
no teu sentido.
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Ainda não sei...se chegaram ao destino...
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Teresa E ( 12/04/07)
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Sinto a tua ausência
como se me rasgassem
em bocados desencontrados
doces e salgados
cacos desbotados
escritos com a pena
da saudade
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Ah! se eu pudesse...
pintava-me com asas
roubava um coração
p'ra novamente
de paixão morrer
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(postado em 5 Fev 07)
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Vinhas descendo ao longo das estradas,
Mais leve do que a dansa
Como seguindo o sonho que balança
Através das ramagens inspiradas.
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E o jardim tremeu,
Pálido de esperança.
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Sophia de Mello Breyner ( Dia do Mar)
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Não posso adiar o amor para outro século
Não posso
Ainda que o grito sufoque na garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda
Sob montanhas cinzentas
E montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
Que é uma arma de dois gumes
Amor e ódio
Não posso adiar
Ainda que a noite pese séculos sobre as costas
E a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
Nem o meu amor
Nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
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António Ramos Rosa
( Viagem através duma Nebulosa -1960)
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Caíu sobre o meu rosto
uma delicada neblina
de teia fina
música sublime
de misteriosa onda
soprada em surdina
de uma concha
resgatada da margem firme
dos teus sonhos
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Veladamente...espero
palavras, sons de
flautas encantadas
passos sonoros de faunos
descarados
que empoleirados em ramos
de flores que esbanjo
à tua passagem,
beijam o meu rosto
cheio da neblina
com que me encantas
e me desnudas
nas noites eternas
dos contos que da tua mão
resvalam,
directos, para a minha alma,
sem pedires nada
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Teresa E ( 9/04/07)
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Ingredientes:
Algumas flores de cheiro
1 Ninho de andorinhas
1 Olhar de cão (doce)
Alguns raminhos de algas
Silêncio q.b.
Sol para aquecer
Gargalhadas ao gosto
Abraços, muitos
Amor a transbordar
Amigos, o suficiente
Alegria, o que se quiser
Misturar tudo muito bem, manter aquecido em lume brando, juntar no fim um pouco de "pimenta" e algum vinho (tinto), para dar mais sabor.
Não esquecer os patos endiabrados
Este foi o meu almoço de Páscoa, espero que o vosso tenha sido também "apetitoso"
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Para mim a Páscoa é como o Natal, ou seja, um pretexto para reunião de família alargada.
Se o tempo não me trocar as voltas e o Sol estiver do meu lado, iremos todos (os que restam) fazer uma grande almoçarada na Casa das Flores, lá para os lados da Ericeira.
É uma casa "pobrezinha" por dentro e "mais ou menos" por fora, como disse a minha mãe, quando a viu pela primeira vez.
- Pois é, respondi!
- Mas gosto dela e vou mantê-la enquanto eu puder.
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Passando à frente, como dirá a minha amiga/irmã, Clara (agora gaivota), aquela casa, aquele campo, aquele ar, aquelas flores e aquele mar são um bálsamo. A casa será até "pobrezinha" mas eu também não sou rica e tenho por hábito não ser muito exigente em coisas de ordem material, quando o que está em jogo são outras mais importantes, como por exemplo, alguma paz, bastante liberdade e neste caso concreto, o contacto com a natureza, sempre que me posso escapar para lá...
Voltando à Páscoa, de entre todas as recordações que conservo e que se resumem às almoçaradas familiares em casa da minha mãe, mas sempre, sempre confeccionadas pela minha avó, beirã de nascimento, boa cozinheira e sempre pronta a "enfiar" comida na boca de todos, destaco somente uma recordação religiosa.
Tem a ver com a minha tia (madrinha), irmã do meu pai, que morreu subitamente, quando eu tinha 15 anos e que era muito religiosa. Posso dizer que a seguir aos meus pais, era ela a pessoa que eu mais amava e recordo-a ainda hoje com grande dor e saudade.
Lembro-me bem das 6ª feiras Santas que eu passava sempre em sua casa. Era um ritual que me fascinava e que simultaneamente me amedrontava um pouco. Almoçávamos as duas, sempre peixe, num silêncio completo, e eu sentia que não estávamos sozinhas, tal era o poder da sua fé e da capacidade que ela tinha de me transmitir isso. O resto do dia era passado a ouvi-la contar passagens da Páscoa como se fosse uma história de fadas ou princesas com um final triste. Lembro-me que chorava sempre, quando Jesus morria.
Passaram muitos anos e eu já não choro com essa história e o poder da sua fé começou a morrer em mim, no dia em que ela também morreu.
Pensando nela e em todos os que conservam a fé em Jesus, vou deixar o tema "Abril" por uns dias (na música e nos textos que eventualmente postar).
Uma boa Páscoa para todos
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Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz dos ombros pura e a sombra
duma angústia já purificada
Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensangüentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor
Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver
Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual
Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal
Mas tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser
Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal
Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti
.
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Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
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Cecilia Meireles
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E os frios que eu não esperava
nesta primavera que tarda
gelam-me os ossos e a alma
.
Pudesse eu adormecer
no recanto imaginário dos teus braços
.
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"Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não"
(Manuel Alegre)
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