Quinta-feira, 30 de Novembro de 2006

Desencontro

 "Rest" de  Picasso

Senti quando chegaste
Era noite e eu escrevia
Nunca me verias
Mesmo se fosse dia
Escrevia folhas
Molhadas de prantos
Em linhas de desencanto
Escrevia versos
Ditados pela dor
Do nosso desencontro
 
Não, nunca sonharias
que era a ti que eu escrevia
Senti o teu andar
pelos quartos vazios
em que me tornei
Senti que te perdia
Quando me olhavas
No espelho dos olhos
e não me reconhecias
Porque me procuras
Onde eu não estou
Porque me sonhas
O que não sou
Porque me escreves
Palavras de amor
Versos de flores
Que não são para mim?
Teresa E.
Março2006
neste momento estou: a precisar de acordar

escrevinhado por MT-Teresa às 07:21
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Quarta-feira, 29 de Novembro de 2006

Quando me visitas

 

 "Mulher à janela" de Dali

 

 
Sei quando me visitas e, quando o fazes é para saberes de  nós.
Conheces-me tão profundamente  que quase adivinhas o que não escrevo mas ainda sinto...
Não tens a certeza  se ainda me habitas e por isso vens abrir a porta da minha memória, só para  saberes se ainda tens lugar nela.
Interrogo-me...como conseguirás saber o tempo certo da minha fuga para outras paragens.
Dizes-me simplesmente que sabes...
Mas o que me pedes, sem dizeres uma palavra, é mais do que tenho para te dar.
Teria que ser noutro tempo, noutra rua, num outro mar.
Com um poema diferente e olhares de outro amar.
Só eu sei..como teria sido fácil
Se me tivesses sabido amar...
 
Teresa E.
22/08/06

escrevinhado por MT-Teresa às 23:48
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As Origens

Sou muito "misturada" como muitas vezes digo, meio a brincar, meio a sério.
 Mas...é verdade,  sou mesmo!
 
- uma mistura viva de cantares alentejanos,  viras beirãos,  gaitas galegas e acima de tudo saudosos fados de Lisboa.
 
Com ingredientes assim, foi confeccionado um"prato", de sabor estranho, nem doce nem Salgado, de difícil classificação porque umas vezes se serve frio mas outras pode ser saboreado quente. Também se gosta dele como entrada e, como sobremesa, é também muito apreciado por quem não é fã de coisas muito doces.
 
Há quem goste dele como prato principal, mas só de vez em quando, porque se servido em excesso, pode provocar indigestão.
 
Normalmente pode ler-se um aviso para quem pretenda escolher esta "iguaria":
 
 Por favor leia as instruções.
 Não nos responsabilizamos por eventuais danos, causados por uso indevido
neste momento estou:
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escrevinhado por MT-Teresa às 19:21
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Gritar

 

Quantas vezes

o meu grito

se calou

e o meu olhar

sereno e triste

o denunciou

Quantas vezes

as palavras

ficaram presas

nos meus lábios

e o meu corpo

feito de fogo

as revelou

Quantas vezes

já amei

em desesperado

silêncio

e me descobriram

como as palavras

que eu não digo

e me adivinham

 

Calar para quê

se tudo se pressente...

 

Teresa E.

(25/08/06)

 

neste momento estou: assim..assim
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escrevinhado por MT-Teresa às 18:43
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Sem titulo...

 

Esboço a carvão de T.E.

Alguém me disse ontem que queria só mais uma oportunidade na vida:

 
" Poder deixar de ser sombra e passar a ser gente"  
  (Nem que fosse por um dia ou uma hora)
Ainda vou escrever sobre isto...

 


escrevinhado por MT-Teresa às 07:41
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Terça-feira, 28 de Novembro de 2006

As últimas vontades (David Mourão Ferreira)

Deixa ficar a flor,

a morte na gaveta,

o tempo no degrau.

Conheces o degrau:

o sétimo degrau

depois do patamar;

o que range ao passares;

o que foi esconderijo

do maço de cigarros

fumado às escondidas...

Deixa ficar a flor.

E nem murmures.Deixa

o tempo no degrau,

a morte na gaveta.

Conheces a gaveta:

a primeira da esquerda,

que se mantém fechada.

Quem atirou a chave

pela janela fora?

Na batalha do ódio,

destruam-se,fechados,

sem tréguas,os retratos!

Deixa ficar a flor.

A flor? Não a conheces.

Bem sei.Nem eu.Ninguém.

Deixa ficar a flor.

Não digas nada.Ouve.

Não ouves o degrau?

Quem sobe agora a escada?

Como vem devagar!

Tão devagar que sobe...

Não digas nada.Ouve:

é com certeza alguém,

alguém que traz a chave.

Deixa ficar a flor

David Mourão Ferreira

 


escrevinhado por MT-Teresa às 22:58
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Nua..revelada...

E de repente tive um "baque"..senti mesmo que me descobri...e como já referi antes, quando isto me acontece...lembro-me sempre da Natália e do seu " O Sol nas noites e o luar nos dias"
 
"...quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto"
 
que fazer?
 
...com as "confidências" tornadas "inconfidências"
desabafos só meus...que se  tornam gritos ao mundo
rostos tapados..que se revelam sem querer 
sombras que ganham forma e se reconhecem
mistérios desvendados
nomes misteriosos revelados
 
que fazer de mim...nua.. revelada...
 
Apago-me?
neste momento estou: incapaz de me esconder
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escrevinhado por MT-Teresa às 21:43
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Estrela do Mar

 "D.Sea" de Delacroix

 
Foram tempos, em que as lágrimas escorriam do imenso mar do meu amor por ti, que era triste e sofrido como os trinados das guitarras, chorando um fado.
 
Ouvia-te cantar fechando os olhos, sabendo que a nossa despedida, tantas vezes anunciada, me acenava cada vez mais perto. Meio perdida, mas ainda com esperança, não queria aceitar que o teu cantar já me chegava fraco e distante e por isso ainda o escutava, igual aos primeiros enganos, aqueles com que me prendeste nessa mistura de sons de que foi feita a nossa vida.
 
O som do mar acompanhou-nos sempre!
 
Na primeira noite em que o ouvimos juntos, roubei uma estrela ao teu olhar, que já era reflexo do teu amor por mim e  transformei-me em estrela-do-mar, porque dele saía para te encontrar e tantas outras a ele regressava, quando tinha que te deixar.
 
Era assim que o nosso amor se fazia: Letras de encontros e despedidas enroladas em música de maresias...
 
Foi quando o silêncio se instalou que deixei de ouvir os sons onde me mantinhas presa e  regressei ao meu mundo de acordes perfeitos e solitários.
 
Despedi-me de ti a ver o mar  e pedi-lhe baixinho que ficasse para te ouvir cantar, no meu lugar...
 
Apesar das águas que nos separam, sei que nas noites em que ainda me procuras, ensaias aquela melodia de amor, com que tantas vezes me encantaste, e o mar a quem pedi que te ouvisse, devolve-me esses teus lamentos e convida-me a regressar para matar a saudade que ainda tens de mim.
 
Não sei se o mar me traiu e te foi contar...mas às vezes ainda tenho vontade de voltar a ser a tua estrela-do-mar.
 
Mas agora é tarde...não saberia como chegar...
 
Teresa E.
Out2006
neste momento estou: "estrelada"
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escrevinhado por MT-Teresa às 18:59
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Dança

 
Para quem danço?
Nem eu sei....
 
 
Danço com as palavras, com as mãos, com os olhos
Danço sózinha no meio das gentes
Danço nua,  vestida de azul, ou de negro e até de vermelho já me cobri.
Danço a  rir e a chorar
Danço a sonhar
Até quando amo, eu danço.
 
 
Vivi sempre a dançar, mesmo parada no meu canto
Dançarei sempre , mesmo que a música se cale
Ensaiei passos diferentes para acordes vários
Em alguns, tropecei, até caí
Mas sempre a dançar, nunca desisti
E retomava os passos novos que aprendi
Porque a dança é vida e quando eu parar
É porque morri!
 
Se é para ti que eu danço?
Danço para mim!
Mas esta noite, sim, a minha dança foi para ti!
neste momento estou: acordada à pressa

escrevinhado por MT-Teresa às 07:39
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Domingo, 26 de Novembro de 2006

Mário Cesariny ( 1923 - 2006)

 

Poema

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

                      
 

Lembra-te

Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
senão o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos

  
Estação

Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho

Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me eu e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça

                            Mário Cesariny

escrevinhado por MT-Teresa às 18:48
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A minha janela florida com vista...

É nestas alturas que me interrogo..porque ainda não comprei uma máquina fotográfica?

Tirada hoje...pela camara do tlm...

 

O Sol tapou-se...mesmo no "click" ( o tlm faz click?)

mas...aqui sorriu..só para a  fotogafia..vaidoso o Sol!!!!  A marca do urbanismo também ficou....se não fossem os candeeiros..que seria das cidades..à noite?

 

neste momento estou: soalheira

escrevinhado por MT-Teresa às 12:40
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Sábado, 25 de Novembro de 2006

Hoje...

Sinto um frio estranho
que se chama inquietação
 
Uma dor antiga
que se chama solidão
 
Uma lágrima teimosa
que se chama tristeza
 
Um sorriso triste
que se chama saudade
 
Um olhar azul
que se chama melancolia
 
Tudo se transforma e se repete à minha passagem.
Sei de cor, o princípio e o fim de tudo...
Insisto em me mascarar para que o destino não me encontre
Atiro beijos ao mar que me são devolvidos...transfigurados
Amo sombras que não consigo tocar
Acaricio corpos de areia
 
Mas...se desisto, perco-me de mim!
Teresa E.
neste momento estou: vazia

escrevinhado por MT-Teresa às 20:37
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Ausência

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner


escrevinhado por MT-Teresa às 19:35
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Ainda há quintas em Lisboa...

neste momento estou: intransitavel
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escrevinhado por MT-Teresa às 19:24
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VOTO SIM

A pergunta:


Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?

A minha resposta:


 

 

neste momento estou: Impossivel de calar

escrevinhado por MT-Teresa às 14:51
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Sexta-feira, 24 de Novembro de 2006

Entrega

 

"Romance" de Alfred Gockel"

Quando percorro aquele caminho com os olhos
E a ausência de sons me lembra o quanto estou só
Penso em ti...
 
Quando desço a falésia,
Enterro na areia os meus desejos nus
E banho-me nas águas frias da saudade.
Então, sinto o teu corpo, que eu nunca vi,
Vestir-me de olhares quentes
Que me fazem perder de mim.
 
Quando, à noite, a lua me pede
Cálidos beijos, que eu não posso dar
Penso em ti...
 
E ...quando deitada na relva
As estrelas me espreitam
E me convidam
Sonho que me entrego
Sem pudores e medos
Inteira... a ti.
 
Teresa E.
14/08/06
neste momento estou: saudosa

escrevinhado por MT-Teresa às 18:56
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Quinta-feira, 23 de Novembro de 2006

Silêncio, Paz ou Solidão?

 "Noite Estrelada" de Van Gogh


Chegou do emprego cansada. Era o final de uma semana de trabalho extenuante e pensou para si própria que apesar da fadiga iria ler todos os e-mails que ainda não tinha lido, abrir todas as cartas que se foram amontoando ao longo da semana, ver televisão ou simplesmente não fazer nada e ir dormir cedo.

Por volta das dez horas da noite, já estava a semicerrar os olhos e sentiu vontade de se deitar e de ler um pouco até adormecer. Aquele livro pousado na sua mesa-de-cabeceira há cerca de dois meses já a incomodava. Até era interessante, caso contrário já o teria posto de parte, mas nos últimos tempos só conseguia ler duas ou três páginas por noite.

Ao abrir um e-mail que um amigo lhe enviara, reparou num link de um site de música. Não resistindo ao apelo implícito, abriu o site e começou a ouvir...Com um sorriso pensou que este seu amigo de longa data sempre tivera bom gosto e a conhecia bem.

Deliciada, não mais sentiu o sono e o cansaço e enquanto a música soava, pegou numa caneta, em várias folhas brancas e começou a escrever.

À medida que a noite avançava, uma sensação de paz e de conforto, tomava conta dela, como há muito não acontecia. De tempos a tempos, parava, fechava os olhos e languidamente deixava que a música a invadisse, transportando-a para mundos de sonhos e fantasia, de amor e sensualidade.

Pensava nele, mas estranhamente não se sentia triste.
Pensava em todas as pessoas que tinham feito parte da sua vida.
Teve saudades dos amigos que não abraçava havia tempo, dos que já tinham partido prematuramente, dos amores que tivera, nas oportunidades não aproveitadas.

Sentia que grande parte da sua vida já tinha passado, no entanto isso não a entristeceu, antes fez com que ela entendesse, naquela noite de primavera e de repentina insónia, que queria continuar a viver intensamente todos os momentos, como aquele em que sozinha e em silêncio apenas lhe chegavam baixinho os sons da música.

Teresa E.

29/04/05


escrevinhado por MT-Teresa às 22:27
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A nova "caixa"

Hoje vou mudar de "caixa". Continua a ser de cimento e vidro mas com mais cimento.
Vou para a rua de baixo, onde há mais carros, mais poluição e mais barulho.
Depois de ter passado o dia de ontem a meter em caixas de papelão, todas as "provas" do meu enfadonho quotidiano, a que chamam trabalho, hoje, vou desfazer os "embrulhos" e ocupar os espaços vazios dos armários que esperam ansiosos que se cumpra o destino para que foram feitos: Guardar coisas ...
 
Se eu conseguisse...até me guardava a mim própria num deles...para ninguém dar por mim.
neste momento estou: embrulhada(sem laço colorido)
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escrevinhado por MT-Teresa às 07:50
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Quarta-feira, 22 de Novembro de 2006

Nas tuas Ausências

 
Os silêncios
são palavras não ditas   
mas que eu desvendo
são saudades
que não desejas
mas te atormentam
recordações
que omites
mas te perseguem
erros negados
mas que persistem
amores passados
que regressam
 
 
Ás vezes és assim!
Pássaro moribundo
sem destino, sem poiso, solitário.
 
Ás vezes percorro as distâncias
e consigo ser a  terra
quente e forte que te acolhe.
Mas...É tão difícil, meu amor
acompanhar-te nessas
obscuras caminhadas
onde não há lugar para mim!
 
(T.E. - 15/01/2006)

escrevinhado por MT-Teresa às 18:24
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Terça-feira, 21 de Novembro de 2006

Conversas

 "The Scream" de E. Munch

Agora que falamos pouco ou quase nada, parece que falo com um fantasma que habitou a minha imaginação mas resolveu mudar de "casa".

De vez em quando, visitas-me, mas precisas quase sempre que eu te chame.
Também acontece seres tu a fazê-lo mas nem sempre te abro a porta. Costumavas ficar confuso comigo, dizias tu, precisamente porque eu só o fazia quando queria, não quando tu me chamavas. Continuo assim, agora que mal falamos.

Cada vez que regressas à minha "casa" pobre e nua mas ao mesmo tempo cheia de tudo e povoada de cores e cheiros, o que sentes? Não sei, nunca mo disseste. Em nós tudo se adivinha, nada se confessa. Foi sempre assim!

Cada vez que te deixo entrar, (ambos continuamos com rostos estáticos e sem voz) vou mostrar-te os lugares onde nos "encontrámos", onde rimos e brincámos e até onde nos zangámos algumas vezes.

Tu tentas seguir-me!


Temos a ilusão que tudo se repete mas, qualquer dia, ficará apenas a memória da janela do andar de baixo da minha casa, de onde olhávamos o mar, porque na realidade não tivemos tempo nem quisemos subir ao terraço, de onde a vista é mais deslumbrante.
Tivemos ambos medo de ficarmos encantados com o que poderíamos observar e sentir.

Hoje convidei-te!
Tu transpuseste logo a porta e cá estamos a passear pelo que já foi.
Ficámos silenciosos à janela do piso de baixo, como sempre a olhar o mar mas como se cada um estivesse sozinho perante ele.

E ficámos porque o mar nos aproximou.
Ficámos porque o nosso amor pelo mar e pelas palavras escritas, traçou um fio invisível que nos liga um ao outro.
Ficámos porque aceitámos ambos, em tempos idos, o desafio que o mar lança sempre: O desconhecido, a beleza do movimento, a cor, a atracção pelo mistério.

Aqui estamos. Sem cara, sem voz, sem nos sentirmos, sem amanhã.
Seremos sempre um mistério um para o outro.
Seremos sempre desconhecidos, mas sentindo o pulsar um do outro.
Seremos por fim, o mar nunca domado e eternamente livre

Não sei quando te voltarei a "convidar" para veres o mar comigo. Sei apenas que o veremos sempre, eu do terraço do último piso da minha casa. Tu não sei de onde... Mas sei que o vês tal como eu, em completa solidão...

T.E.

2005

neste momento estou: nem sei...
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escrevinhado por MT-Teresa às 15:10
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A vida chama-me lá fora

 

"La Vie" de Marc Chagall

****

Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...

Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?

(Fernando Pessoa)

****

Quero ir devagar... mas apressam-me

Quero ficar...mas forçam-me a ir

Quero viver...mas quase me matam

....vai ser mais um dia de "cão"

 

 

neste momento estou: Fechada

escrevinhado por MT-Teresa às 07:26
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Segunda-feira, 20 de Novembro de 2006

Cai a noite...sonhando

"Dream" de Jurgen Gorg

 *

Cai a noite ... e deixo que me sonhes
como um poema ilustrado
perfeito de rima e de flores
bordadas p´los teus desejos.
Podes sonhar-me
que eu deixo...
nessas noites de loucura
em que perdida me esfumo
quando chega a madrugada.
Põe sorrisos no meu rosto
estrelas no meu olhar
silêncios nos meus beijos
cheiros no meu amar
música nos meus braços
p´ra tambem eu serenar.
Amigo, amor que queres?
De sonho não passo...
Só sou amada a sonhar...
 
T.E.
05/02/06
neste momento estou: Pensativa
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escrevinhado por MT-Teresa às 21:12
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Monólogo

 

Descaradamente pergunto: -  Conheces-me?
 
Do outro lado do mundo nenhum som me chega mas eu sei que me vês e que segues a direcção dos meus olhos, quando perdida deste lado de cá, abro a janela e procuro o tal ponto luminoso no universo onde imagino que estejas.
 
Pensas que já me sabes de cor e quando digo isto é porque eu sou o que escrevo e por isso de fácil leitura para quem está atento. Nada é tão simples assim. Até mesmo eu!  
 
Deves ter caído de uma estrela e por mero acaso foi junto do sítio onde guardo o tempo passado.
Atrevo-me a pensar que  apenas ficaste um segundo, mas foi o suficiente para as memórias se libertarem.
 
E agora...que faço com elas?
 
Talvez um avião de papel...que voe...até aí!
neste momento estou:
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escrevinhado por MT-Teresa às 19:09
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Cativa

 "Muse" de Irina Mazur

Mostraste-me um caminho estreito, cheio de flores e de cheiros e quando entrei nele, não vi as placas de aviso que lá estavam.

Às vezes, quero regressar ao ponto de partida. Mas é dificil..não o encontro...perdi-me nele...perdi-me em ti.

Tu, que me sorrias com as palavras, que me acenavas com sonhos coloridos e me chamavas com a voz mais doce que jamais havia escutado, recebeste-me com ansiedade, com alegria e desejos ocultos que eu mal tinha percebido.

Abracei-te ternamente e o que era carinho foi-se transformando em loucas vontades de me entregar a ti, sem olhar para trás.

Aprisionaste-me com correntes invisiveis,

Encheste-me de beijos e caricias

Que me foram enlouquecendo

E que me tornaram cativa do teu querer.

 

Estou fechada dentro do sonho

Que construíste para mim.

Já não vejo as flores,

Só lhes sinto o cheiro, a jasmim

Que era o meu perfume

Quando me entreguei a  ti

 Teresa E.12/09/06

neste momento estou: com vontade de escrever

escrevinhado por MT-Teresa às 13:06
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Cores

Os desejos voltaram a sair de mim
E os meus olhos ficaram brancos de novo
 
Os azuis repetidamente se pintam da cor do nada
E as cores ... As cores que eu mesma criei
Riem-se de mim nesta madrugada
 
Pinto-me com reflexos de vermelho
Quando me amas
Emendo o teu esboço a preto
Quando me deixas
 
E os meus sonhos
Desenhados em folha branca
Mal se distinguem
Dos traços coloridos
Da tua ausência
 
Teresa E.
07/08/06
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escrevinhado por MT-Teresa às 11:42
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Domingo, 19 de Novembro de 2006

Azuis

 

Em algum lugar
Dos meus olhos
Viajantes
Te encontro
Perdido nos
Azuis do mar
Que são reflexos
Do meu olhar
 
Teresa E.
09/06/06
neste momento estou: A precisar de um café
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escrevinhado por MT-Teresa às 01:38
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Aceitar

 
Quando me aceito
inteira
sem forçar
a natureza e o sentir
multiplico-me por metades
imperfeitas
que não cabem
numa única existência.
A eternidade não é
palavra que conheça
sou apenas, momentos
felizes ou não
mas derradeiros
sem direito a
repetição
Aceitar o inevitável
seria fácil
para outra mulher
que não eu
porque o meu "eu"
está em constante conflito
com o meu "ego"
 
 
É por isso que não calo
e pelo contrário, grito!
 
Teresa E.
(29/08/06)
neste momento estou: Meia ensonada
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escrevinhado por MT-Teresa às 00:00
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Quinta-feira, 16 de Novembro de 2006

O Teu olhar

 
Ainda que a tua voz me chegue
Tão doce e terna como o teu amar
Espero ansiosa o teu olhar
Que tarda tanto em ser entregue
 
Imagino que é soturno e baço
Como a cor com que te vestes
Mas, podes crer, quando vieres
Será azul... no meu regaço
 
E os dois..a olhar no mesmo espaço
Que a ausência teimou pintar de branco
Ficaremos, por fim, em tal  encanto  
Perdidos de amor, sem embaraço
 
Teresa E.
05/10/06
neste momento estou: Pensativa
ao som de: Pink Floyd ( I Wish you were..)
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escrevinhado por MT-Teresa às 20:13
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Finalmente o Sol

 

Hoje estou de verde-alface e preto. Fico mais "viva" costumam dizer-me.

Até os meus olhos, que são azuis, estão esverdeados. Ser "traída" pela cor do olhos, é injusto, porque a maioria das pessoas que olham para mim, consegue "ler" o meu estado de espirito. Quando estou "imprópria para consumo" como ontem, ficam cinzentos claros e mesmo que tente sorrrir não consigo enganar ninguém.

É incómodo isto. Mas sou assim desde que me conheço e aprendi a gerir as verdades que o meu olhar não consegue esconder.

Por exemplo quando estou apaixonada, se é um amor secreto, proibido, tenho que ter muito cuidado, para ninguém perceber. Claro que todas as pessoas são assim. O Enamoramento é um estado de graça, como muito bem diz o Alberoni e todos os dias na vida dos enamorados são dias de Sol. No entanto conheço pessoas que sabem disfarçar bem. Eu sou um desastre absoluto. Toda a gente nota e os que me são mais próximos, perguntam--me. Eu nego, mas os meus olhos e o meu sorriso denunciam-me. Dizem até que tenho uma forma de sorrir diferente do habitual.

Fazer o quê?

Nem sei porque me lembrei hoje de escrever sobre isto.

Deve ter sido o Sol.

neste momento estou: Bem
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escrevinhado por MT-Teresa às 17:11
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Quarta-feira, 15 de Novembro de 2006

A vontade da mentira

Um livro que visito muitas vezes.
"... Quando se aproxima a vontade da mentira, vale a pena acreditar.
O amor é um acaso.
O amor é um engano.
Tudo se sente.
Nada se sabe.
..."
 
M.E.C. In "Lorelei"
neste momento estou: meia "aluada"
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escrevinhado por MT-Teresa às 18:56
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De novo as "vivências"

Dia cinzento escuro, tão escuro que até mudei a cara do blog. ..será isto um blog?

Sem grande paciência para escrever!

 Escrever para mim, porque aqui ninguém vem, pelo menos que eu saiba.

Sem grande paciência para estar! Pelo menos aqui, neste bloco de cimento e vidro. e, também com este tempo de cinza, ir para onde?

Detesto os dias assim. Hoje até me vesti de azul claro, para enganar os meus olhos e os outros que vão passando para mim.

Estes dias não deviam existir. Pelo menos para mim.

Tanta falta que me faz o sol.

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escrevinhado por MT-Teresa às 14:12
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Sexta-feira, 10 de Novembro de 2006

Soneto da Felicidade

De tudo ao meu amor serei atento,

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

 E em seu louvor hei de espalhar meu canto

 E rir meu riso e derramar meu pranto

 Ao seu pesar ou seu contentamento.

 

 E assim, quando mais tarde me procure

 Quem sabe a morte, angústia de quem vive,

 Quem sabe a solidão, fim de quem ama

 

Eu possa me dizer do amor ( que tive ): 

Que não seja imortal posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

 

Autor: Vinícius de Moraes

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